Literatura Portuguesa - Arcadismo
Arcadismo
Arcadismo, Neoclassicismo ou Setecentismo foi um movimento literário iniciado em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, e encerrado em 1825 com a publicação do poema Camões de Almeida Garrett. Surgido numa época de modificações político-econômico-sociais radicais, o Arcadismo insurgiu-se contra os exageros barrocos e propôs uma volta aos ideais clássicos de arte e vida. Em Portugal foi um período marcado por uma intensa atividade crítica e doutrinária em prosa e no qual, literariamente, floresceu tão-somente a poesia.
Manifestações Artísticas
A preocupação em recuperar a arte clássica, recém reveladas pelas escavações de Herculano e Pompéia, reflete-se na literatura e na escultura: simetria, simplicidade, equilíbrio e sobriedade, qualidades que se oponham frontalmente ao Barroco. A estátua Ebe, do escultor Canova, ilustra esse retorno à Antiguidade clássica.
Embora a pintura não imite os clássicos (mesmo porque não havia muitas referências da Antiguidade), todo tema deveria inspirar-se na história e na mitologia clássicas. O Juramento dos Horácios, de David, inaugura o Neoclassicismo.
Literatura
Em 1756, Antônio Diniz da Cruz e Silva fundou a Arcádia Lusitana ou Ulissiponense, que definiu o Arcadismo como escola literária. Os sócios da Arcádia deviam adotar pseudônimos pastoris e tinham por divisa o dístico Inutilia Truncat (cortar o inútil), isto é, os exageros, o rebuscamento e a extravagância barrocos deveriam ser cortados para a literatura voltar ao equilíbrio dos clássicos.
Inspirados em Horácio, procuravam nas suas poesias seguir alguns princípios:
a) fugere urbem (fugir da cidade): influenciados pela teoria do bom selvagem de Russeau, os árcades voltavam-se para a natureza, vista como lugar de perfeição, para aí levar uma vida simples, bucólica e pastoril;
b) carpe diem (aproveite o dia): postura como no Arcadismo, que consiste em aproveitar ao máximo o momento presente;
c) Aurea Mediócritas (áurea mediocridade): exaltação da simplicidade, do equilíbrio conseguido em contato com a natureza;
As características fundamentais do Arcadismo são:
- volta aos modelos clássicos, com a retomada da mitologia como elemento estético;
- simplicidade como forma de reação aos exageros da linguagem barroca;
- poesia bucólica, pastoril;
- fingimento poético, uso de pseudônimos pastoris.
Alguns Poetas:
Alguns Poetas:
Bocage (1765-1805)
Principal autor do Arcadismo, Manuel Maria Barbosa du Bocage participou da Nova Arcádia com o pseudônimo árcade de Elmano Sadino (Elmano é o anagrama quase perfeito de Manuel e Sadino refere-se ao rio Sado que passa pela sua cidade natal).
Bocage levou uma vida agitada, boêmia e infeliz, muito semelhante à de Camões, que considerava seu mestre.
Existem dois Bocages, o satírico e o lírico. Sua obra satírica, às vezes grosseiramente obscena e erótica, critica a grandeza decadente, o clero e seus contemporâneos, mas é a parte menos importante de sua produção. A mais importante é a lírica, em que se percebem duas fases.
Antônio Dinis da Cruz e Silva (1731-1799)
Fundador da Arcádia Lusitana, adotou o pseudônimo de Elpino Nonacriense. De sua obra destaca-se o poema herói-cômico O Hissope em que ridiculariza a mentalidade escolástica, o verso gongórico e a sociedade nobre e clerical.
Nicolau Tolentino (1740-1811)
Famoso por sua obra satírica, Tolentino analisa com humor fino a sociedade burguesa de seu tempo. Seu humor, no entanto, não tem uma imensa moralística, apenas constata o ridículo das situações e das pessoas que nelas atuam.
Padre José Agostinho de Macedo (1734-1819)
Seu pseudônimo arcádico era Filinto Elísio. Seguiu à risca os postulados neoclássicos e refletiu claramente a influência do iluminismo quando fez a divulgação da física de Newton em seu poema épico O Oriente, pretendeu corrigir Camões, parafraseando Os Lusíadas mas sem usar a mitologia.
Marquesa de Alorna (1750-1839)
Por suas viagens pela França, Alemanha, Áustria e Inglaterra, Leonor de Almeida, a marquesa de Alorna, foi uma das divulgadoras do Romantismo em Portugal. Sob o pseudônimo de Alcipe, escreveu poemas cuja temática (a morte, a noite, o sofrimento) antecipa esse movimento literário.
Arcadismo
Referências→ Escola Viva. Programa de Pesquisa e Apoio Escolar. O Tesouro do Estudante. Multimídia Multicolor 2003. Nível Fundametal e Médio. Ensino Global.
Literaturas de Língua Portuguesa - Trovadorismo ao Modernismo.
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura / Marta Pontes - São Paulo: DCL, 2010.
Bocage levou uma vida agitada, boêmia e infeliz, muito semelhante à de Camões, que considerava seu mestre.
Existem dois Bocages, o satírico e o lírico. Sua obra satírica, às vezes grosseiramente obscena e erótica, critica a grandeza decadente, o clero e seus contemporâneos, mas é a parte menos importante de sua produção. A mais importante é a lírica, em que se percebem duas fases.
Antônio Dinis da Cruz e Silva (1731-1799)
Fundador da Arcádia Lusitana, adotou o pseudônimo de Elpino Nonacriense. De sua obra destaca-se o poema herói-cômico O Hissope em que ridiculariza a mentalidade escolástica, o verso gongórico e a sociedade nobre e clerical.
Nicolau Tolentino (1740-1811)
Famoso por sua obra satírica, Tolentino analisa com humor fino a sociedade burguesa de seu tempo. Seu humor, no entanto, não tem uma imensa moralística, apenas constata o ridículo das situações e das pessoas que nelas atuam.
Padre José Agostinho de Macedo (1734-1819)
Seu pseudônimo arcádico era Filinto Elísio. Seguiu à risca os postulados neoclássicos e refletiu claramente a influência do iluminismo quando fez a divulgação da física de Newton em seu poema épico O Oriente, pretendeu corrigir Camões, parafraseando Os Lusíadas mas sem usar a mitologia.
Marquesa de Alorna (1750-1839)
Por suas viagens pela França, Alemanha, Áustria e Inglaterra, Leonor de Almeida, a marquesa de Alorna, foi uma das divulgadoras do Romantismo em Portugal. Sob o pseudônimo de Alcipe, escreveu poemas cuja temática (a morte, a noite, o sofrimento) antecipa esse movimento literário.
Arcadismo
•Busca
da simplicidade = razão.
•Imitação
da natureza = culto ao homem natural.
•Equilíbrio,
bucolismo (integração serena entre indivíduo e paisagem).
•Valorização
dos ideais Clássicos.
•Adoção
de pseudônimos.
•Oposição
à linguagem barroca.
Arcadismo (1768-1836)
O Arcadismo em Portugal
Contexto Histórico-Social
O Iluminismo, um movimento de renovação cultural surgido inicialmente na França, entre os intelectuais ligados a publicação da Enciclopédia, na segunda metade do século XVIII, repercutiu em Portugal pela ação do Marquês de Pombal, ministro de D. José I. Com a expulsão dos Jesuítas de Portugal em 1759, o ensino passou a ser leigo, criando-se uma atmosfera de racionalismo e progresso.
Dentro desse contexto, surge o Arcadismo como um movimento literário, que se propunha a combater os exageros de rebuscamento barroco.
O nome Arcadismo provém de Arcádia, região lendária da Grécia, onde os pastores e os poetas viviam num ambiente bucólico, tranquilo, em paz com a natureza, com a vida e com o amor.
Características do Arcadismo
1. Quanto à escolha dos temas:
• a natureza, o campo;
• vida simples, em contato com a natureza;
• O resgate do Classicismo greco-romano.
2. Quanto a linguagem e ao estilo:
• linguagem simples, natural, clara, direta;
• ordem direta das palavras;
• invocação de musas inspiradoras;
• volta aos clássicos;
• imitação do estilo clássico.
Os principais poetas do Arcadismo português são: Antônio Dinis, Correia Garção, Reis Quita, Padre Agostinho de Macedo, Caldas Barbosa, Marquesa de Alorna, Bocage.
Bocage
O principal representante do Arcadismo em Portugal foi Manuel Barbosa Maria du Bocage (1765-1805), cujo pseudônimo era Elmano Sadino.
Leia o poema e observe as suas características árcades:
Olha, Marília, As Flautas dos Pastores
Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta e planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas e abelhinha pára,
Ora nos ares sussurrando gira:
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas, ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara. Bocage
Arcadismo (1756-1825)
Após um período de decadência, Portugal resgata, em 1640, a sua independência e, logo, quer restaurar a sua política, sua economia e o orgulho de sua nação.
A grande transformação da sociedade portuguesa veio pelas mãos de Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, que, influenciado pelos ideais iluministas, reconstruiu Lisboa após o terremoto de 1755, baniu o ensino religioso das escolas, expulsou os jesuítas e trouxe de volta intelectuais exilados pela inquisição. Todas essas mudanças contribuíram para o avanço do pensamento científico e cultural português.
O Arcadismo inicia-se em Portugal em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, (também conhecida como Arcádia Ulissiponense, em homenagem ao herói grego Ulisses), a qual ocupava-se em discutir o pensamento grego e discutir a estética neoclassicista. A Arcádia pedia que seus membros adotassem um nome de pastores celebrados pela cultura grega, obedecessem às regras clássicas, declamassem poemas e apresentassem seminários sobre a estética neoclássica. Pelo excesso de regras, a liberdade dos criadores da Arcádia Lusitana estava ficando reprimida, fator que motivou o seu fim e acabou surgindo a Nova Arcádia, de onde apareceu Bocage, o poeta árcade português mais importante.
Fugindo dos conflitos religiosos o Arcadismo opõe-se ao Barroco, por ter uma postura mais racional, já que há uma forte influência dos ideais iluministas. Há também um resgate de temas e personagens do imaginário pagão, além da utilização de vários lemas latinos como locus amuenus (lugar ameno), unutilia truncat (cortar o inútil), entre outros.
Além de Bocage, no Arcadismo, destaca-se o pensador Luís Antônio Verney, os poetas Nicolau Tolentino, Filinto Elísio e Correia Garção.
Referências→ Escola Viva. Programa de Pesquisa e Apoio Escolar. O Tesouro do Estudante. Multimídia Multicolor 2003. Nível Fundametal e Médio. Ensino Global.
Literaturas de Língua Portuguesa - Trovadorismo ao Modernismo.
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura / Marta Pontes - São Paulo: DCL, 2010.
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