quinta-feira, 16 de julho de 2015

Literatura Portuguesa - Romantismo

Literatura Portuguesa - Romantismo

Romantismo
A palavra de ordem do Romantismo é liberdade: do eu, dos povos, da arte.
O Romantismo em Portugal se inicia com a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, em 1825, e termina, em 1865, com a "Questão Coimbrã", que deu início à estética realista. Durante os quarenta anos de regência, o Romantismo apresentou três fases: a primeira, cuja a produção ainda refletia alguns valores neoclássicos; a segunda, em que as características românticas são levadas ao exagero; a terceira, que representa a transição para o Realismo.
Manifestações Artísticas
O Romantismo representou uma verdadeira revolução na concepção de vida e, por consequência, na arte. Rompeu com a tradição clássica e o culto da Antiguidade, com o nacionalismo, com as convenções.
A liberdade de criação, o individualismo, a emotividade, o exotismo e o nacionalismo foram a tônica na pintura e na música.   
Na música, o aproveitamento de canções populares de seus países para óperas em miniaturas manifestou-se nas obras de Schumann e Schubert. O polonês Fréderic Chopin buscou inspiração nas danças populares de sua terra para expressar suas paixões. Os noturnos de Chopin representam outra característica romântica em música: a sentimental atração pela noite.
A arquitetura e a escultura, no entanto, sofreram pouca influência da nova estética, atendendo-se ainda aos padrões neoclássicos. 
Literatura
As origens do Romantismo remontam a dois países:
a) Alemanha: em fins do século XVIII, o movimento Sturm und Drang (tempestade e ímpeto) é responsável por uma onda europeia de emotividade levada ao extremo. O sentimentalismo do Werther, romance de Goethe que conta o sofrimento de um jovem que se mata por causa de um amor impossível, tornou moda na Europa o suicídio. 
b) Inglaterra: Sir Walter Scott, autor de Ivanhoé, escrevendo romances históricos, iniciou a corrente de superstições e fantasmas. Lord Byron mostrou que a vida do artista confundia-se com a própria obra, ele é a expressão do ideal romântico: além de escrever poesia ultra-romântica, cheia de pessimismo, participou das lutas pela independência da Grécia.
À França coube a tarefa de divulgar essas novas ideias:
O surgimento de um público consumidor, sem educação literária, que ignorava os valores clássicos, as referências mitológicas, que preferia a linguagem mais simples e direta, os enredos romanescos, o sentimentalismo, determinou a personificação do escritor que ganhou consciência do seu papel junto às massas, chegando a sentir-se algumas vezes um profeta, um condutor dos povos.
Reagindo aos clássicos, os românticos revoltaram-se contra as regras, os modelos, defendendo a liberdade de criação. Quanto à forma, foi comum a utilização do verso livre (sem métrica nem estrofação) e do verso branco (sem rima). Quanto ao conteúdo, alguns temas, francamente opostos aos do Arcadismo, lhe são característicos:
a) sentimentalismo: o eu torna-se o centro do universo (egocentrismo). As razões do coração opõem-se ao racionalismo clássico;
b) supervalorização do amor: (consequência do sentimentalismo): o amor foi encarado como o valor mais importante da vida em oposição àquele mais cultivado pela burguesia: o dinheiro.;
c) mal do século: o poeta sentimental, que supervaloriza o amor, sentia-se frustrado e desajustado diante da realidade, o que gerava uma sensação de angústia, tédio, insatisfação e melancolia;
d) evasão: tentando encontrar saídas para esse estado de angústia, o romântico desenvolveu  mecanismos de fuga da realidade:
- evasão no tempo: o romântico procurou as raízes na nacionalidade na Idade Média cavaleiresca e cristã e criou heróis nacionais.
- evasão no espaço: o romântico exalta a natureza, concebida como extensão do próprio "eu", se o poeta é triste, o cenário natural também o é, com uma predileção pelas paisagens noturnas.
- a morte: essa foi a solução mais radical, a solução definitiva de todos os conflitos.

O Romantismo português apresentou três momentos:
a) primeiro momento: escritores ainda presos a alguns princípios neoclássicos, mas responsáveis pela introdução do Romantismo em Portugal: Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho.
b) segundo momento: superados os laços arcádicos, seguiu-se o pleno domínio da estética romântica. São representantes de ultra-romantismo (romantismo levado ao exagero) Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.
c) Terceiro momento: caracterizou-se por um romantismo mais contido que anuncia a transição para o Realismo. São representantes deste momento João de Deus e Júlio Dinis.

Primeiro Momento
Almeida Garrett (1799-1854)
Na poesia de Garrett, introdutor do Romantismo em Portugal, existem três fases:
1) A primeira, totalmente ligado ao Arcadismo, a que pertencem os textos da Lírica de João Mínimo;
2) A segunda, ainda não totalmente romântica, em que se encontram dois pemas narrativos. Em "Camões", marco inicial do Romantismo, o autor explorou os aspectos sentimentais, a vida pessoal do autor de Os Lusíadas. Em D. Branca, Garrett resgatou a história medieval portuguesa.
3) A terceira revela um autor tipicamente romântico. Em Flores sem Frutos e Folhas Caídas misturam-se a dor, angústia, sentimentalismo e sensualidade.
Além do poeta, Garrett foi o fundador do teatro nacional português.
Em seus romances, a importância do nacionalismo não foi menor. Ele incorporou o gosto pela tradição popular em O Arco de Sant'Ana, inspirado na crônica de D. Pedro I, de Fernão Lopes. Em Viagens na minha Terra, Garrett entremeia as peripécias da história de um amor de Joaninha, Carlos e Georgina ao relato de uma viagem (que realmente fez) a Santarém.
Alexandre Herculano (1810-1877)
Herculano foi o consolidador do romance histórico na literatura portuguesa. Em O Bobo retrata a época    de emancipação do Condado Portucalense (século XII). Sob o título de Monásticon, reúnem-se dois romances: O monge de Cister, cuja ação se passa durante o reinado de D. Pedro I, o Mestre de Avis, e Eurico, o Presbítero, sua obra-prima, ambientada na época das lutas da Reconquista. Nesta obra, Herculano discute o celibato clerical.
Essa preocupação em retratar a Idade Média já estava presente em Lendas e Narrativas, obra que contém contos e novelas.
Em Harpa do Crente, cujo o poema mais famoso é a Cruz Mutilada, encontra-se o melhor de sua produção lírica.


Antônio Feliciano de Castilho (1800-1875)

Antônio Feliciano de Castilho, 1.º visconde de Castilho, (Lisboa, 28 de Janeiro de 1800 — Lisboa, 18 de Junho de 1875) foi um escritor romântico português, polemista e pedagogista, inventor do Método Castilho de leitura. Em consequência de sarampo perdeu a visão quase completamente aos 6 anos de idade. Licenciou-se em direito na Universidade de Coimbra. Viveu alguns anos em Ponta Delgada, Açores, onde exerceu uma grande influência entre a intelectualidade local. Contra ele se rebelou Antero de Quental (entre outros jovens estudantes coimbrões) na célebre polêmica do Bom-Senso e Bom-Gosto, vulgarmente chamada de Questão Coimbrã, que opôs os jovens representantes do realismo e do naturalismo aos vetustos defensores do ultra-romantismo. Algumas de suas obras são A Chave do Enigma (eBook), Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa Cruz (eBook), O Presbyterio da Montanha (eBook) e Cartas de Echo a Narciso (1821).

Segundo Momento

Camilo Castelo Branco (1825-1890)


Sua vida afetiva foi um romance de folhetim. Órfão desde os dez anos, casou-se aos 15. Raptou outra moça (sua prima) com quem passou a viver; acusado de bigamia, foi preso. Sua primeira esposa e sua filha morrem. Camilo abandona a prima, apaixonou-se por uma poetiza e por uma freira. Conhece Ana Plácido (casada com um rico comerciante), foram presos (na prisão escreveu Amor de Perdição). Absolvidos, tiveram dois filhos com problemas de saúde, casam-se e passam por dificuldades financeiras. Ana morre. cego, por causa da sífilis, Camilo suicida-se.

Camilo Castelo Branco foi o escritor mais fértil de Portugal: escreveu perto de 300 obras entre teatro, historiografia, poesia, epistolografia, polêmica, e sobretudo, prosa de ficção. Como soube interpretar o gosto do público, escreveu novelas passionais de fácil consumo, grande parte delas publicadas em folhetins de jornais da época. Uma narrativa linear, mas densa e objetiva, com poucas descrições e excesso de peripécias e sentimentalismo, abandonando o conflito entre as razões do coração e as convenções sociais foram o segredo do seu sucesso.


Soares de Passos (1826-1860)

SOARES DE PASSOS

“No ano de 1855, Antônio Soares de Passos, poeta lusitano, publicava sua primeira e única coletânea de versos intitulada Poesias". Sem símiles no período em que fora escrita, a obra — ambientada em meio a túmulos e lousas de pátina nuança e as paisagens outonais de profunda melancolia — se apresenta como um verdadeiro epitáfio no contexto literário da época.
Nascido em 21 de novembro de 1826, na cidade do Porto, filho da pequena burguesia liberal, Soares de Passos, aos vinte anos de idade, partiu para Coimbra, onde começou a escrever e onde fundou o jornal literário O Novo Trovador, para o qual colaboraram diversos poetas da segunda geração romântica de Portugal.
Sua poesia, inscrita na atmosfera de seu tempo, imersa no ideário ultra-romântico, paira sobre uma temática simultaneamente sombria e reivindicativa. Reivindicativa porque, ao lado de uma lírica ultra-romântica, apresenta também textos de protesto, que advogam valores de progresso e liberdade (...)”. 
Terceiro Momento
João de Deus (1830-1896)
Em Flores do Campo e Campo de Flores, João de Deus versa sobre os temas prediletos do Romantismo: mulher amada, saudade, amor, destino, religiosidade, numa linguagem que retoma o ritmo das cantigas populares.
Júlio Dinis (1839-1871)
Júlio Dinis era o pseudônimo do médico Joaquim Guilherme Gomes Coelho. Ao contrário de Camilo Castelo Branco, em seus romances não há tragédia nem fatalismo, mas uma visão visão otimista do mundo e sempre um epílogo feliz que culmina no casamento. Sua linguagem é simples e, embora os temas tratados sejam os mesmos de outros românticos, amor e casamento, ele detém-se na análise psicológica e no perfil moral de suas personagens, e sobretudo no contexto sócio-econômico em que se movimentam. Com exceção de Uma Família Inglesa, cuja ação se passa no Porto, os outros romances As Pupilas do Senhor Reitor, A Morgadinha dos Canaviais e Os Fidalgos da Casa Mourisca, são ambientados no campo.

Romantismo
Homem angustiado, o homem triste, o homem em busca da perfeição.
Literatura das coisas da alma –angústias do mundo e da luta pela liberdade e igualdade.
Dividiu-se em três estilos:
a) primeira,
b) Segunda e
c) Terceira gerações.

pelo estilo de produção:



O Romantismo em Portugal (1825-1865)
Em Portugal, o Romantismo desenvolveu-se em meio às lutas políticas entre D. Miguel e D. Pedro. Vários escritores ingressaram no exército de D. Pedro, o que explica os anos de exílio de muitos deles, bem como o inflamado nacionalismo da produção romântica portuguesa.
O iniciador do Romantismo em Portugal foi Garrett, que em 1825 publica um longo poema intitulado Camões (uma espécie de biografia sentimental de Camões e seus amores).
Entre os autores românticos portugueses, destacam-se Garrett (João Batista Leitão de Almeida Garrett),  Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Antônio Feliciano de Castilho, João de Deus e Soares Passos.
Almeida Garrett
Nasceu na cidade do Porto, em 1799. Envolveu-se na política.
Fez uma campanha em favor do teatro nacional e ocupou cargos políticos. Faleceu em 1854, deixando inacabada uma novela de tema brasileiro intitulada Helena.
Obras
Poesia: Camões, D. Branca, Folhas caídas
Teatro: Catão, Frei Luís de Sousa, O Alfageme de Santarém
Prosa de ficção: Viagens na minha terra, O arco de Sant'Ana, Helena

Este Inferno De Amar 
Este inferno de amar ▬ como eu amo! ▬
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida ▬ e que a vida destrói ▬
Como é que se veio atear,
Quando ▬ ai quando se há de ela se apagar?
Eu não sei,  não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... ▬ foi um sonho ▬
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! Despertar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol  tanta luz!
E os meus olhos que vagos giravam.
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? ▬ Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...
Folhas Caídas.
Romantismo (1825-1865)
O Romantismo começa em Portugal com a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, em 1825. A obra é uma espécie de biografia do autor de Os Lusíadas.
As características do Romantismo são: a busca pela morte, a solidão, o sofrimento amoroso, a idealização da figura feminina e do mundo ao seu redor, o exagero na subjetividade e no individualismo. Nos quarenta anos de Romantismo português, a escola literária passou por algumas transformações, mas podem ser identificadas três fases diferentes:
1ª fase (1825-1838): ainda com influências neoclássicas, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Carvalho.
2ª fase (1835-1860): ultra-romântica, com influência de autores franceses e ingleses (Byron), em que tudo aparece de forma arrebatadora, extrema, em excesso. Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.
3ª fase (1860-1865): marca a transição do Romantismo para o Realismo. João de Deus e Júlio Dinis.   


Almeida Garrett, o introdutor do Romantismo português.


Referências→ Antônio Miranda. Soares de Passos. Disponível em: http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/portugal/soares_dos_passos.html
Wikipédia, a enciclopédia livre. Antônio Feliciano de Castilho. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Feliciano_de_Castilho
Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio. Ensino Global
Literaturas de Língua Portuguesa. Trovadorismo ao Modernismo
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura /Marta Pontes. - São Paulo: DCL, 2010.




 


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