Literatura Brasileira – Realismo e Naturalismo
Realismo/Naturalismo/Parnasianismo
O Realismo e o Naturalismo, surgidos como reação ao
sentimentalismo romântico, iniciaram-se em 1881, respectivamente, com a
publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e o mulato,
de Aluísio Azevedo; manifestações poéticas do Parnasianismo já se faziam sentir
desde 1870. Terminaram em 1893, com a publicação de Missal e Broquéis de Cruz e
Sousa, que iniciaram o movimento simbolista. A data de término desses
movimentos, no entanto, é puramente didática, uma vez que, até a segundo década
do século XX e até posteriormente, é possível encontrar produções orientadas
por todas essas estéticas.
Manifestações
Artísticas
A pintura, arte essencialmente objetiva, consiste na
observação das coisas reais existentes. A beleza não está no característico,
mas na verdade, afirma o pintor francês Courbet. Antiburguês convicto, deu
espaço em seus quadros aos trabalhadores, aos camponeses, retratando cenas da
vida popular e cotidiana.
A arquitetura e a escultura insurgem-se contra o
academicismo.
Literatura
O Realismo iniciou-se na França, em 1857, com a
publicação do romance Madame Bovary, em que seu autor, Gustave Flaubert, conta a história do adultério e suicídio de uma jovem burguesa romântica. Dez
anos depois, Émile Zola inaugurou o romance naturalista com a publicação de seu
romance experimental Térèse Raquin, em que lança mão da observação científica
da sociedade e das reações humanas.
Os escritores realistas/naturalistas, opondo-se aos
românticos e impulsionados pela filosofia e ciência da época, pretendiam
reproduzir integralmente o real. Antimonárquicos, antiburgueses e anticlericais,
em sua maioria republicanos e até socialistas, ao sentimentalismo opunham o
materialismo e o racionalismo; ao subjetivismo, o objetivismo; à fantasia e à
imaginação, a observação do real; ao retorno ao passado; o comprometimento com
o momento presente; ao nacionalismo, o universalismo.
O romance realista, cujo maior representante é
Machado de Assis, preocupou-se com a análise psicológica das personagens, em
função da qual critica a sociedade. Trata-se de um romance documental, que
pretende ser o retrato da época. O romance naturalista valorizou o coletivo, a
análise social, entendo o homem como animal sujeito ao instinto, por isso a
predileção temática pelas taras e desvios sexuais.
Produção
Literária com poetas realistas
Machado
de Assis (1839-1908)
Assis (Joaquim Maria Machado de) ▬ Nasceu no Rio de
Janeiro, a 21 de Junho 1839. Teve uma infância pobre, perdendo a mãe aos dez
anos. Sem meios para estudos regulares, tornou-se autodidata. Estimulado por
Paula de Brito, escreveu seu primeiro trabalho literário, “Ela”. Foi revisor de
provas, jornalista, tradutor, poeta, uma das mais puras e firmes expressões da
língua portuguesa no Brasil. Seu primeiro livro publicado foi “Queda que as
Mulheres têm pelos Tolos”. Daí por diante, a literatura brasileira seria por
ele enriquecida das mais belas obras literárias, entre romances, estudos,
poesias, contos, crítica, teatro, crônicas, etc. Dentre suas obras,
destacam-se: “Dom Casmurro”, “Quincas Borba”, “Memórias Póstumas de Brás
Cubas”, “Esaú e Jacó”, etc. Faleceu o grande escritor brasileiro, em 29 de
Janeiro de 1908, na cidade do Rio de Janeiro.
Rui
Barbosa (1849-1923)
Barbosa (Rui) ▬ Nasceu na cidade de Salvador na
Bahia, a 5 de novembro 1849. Conta-se que aos dez anos de idade já conhecia os
clássicos, principalmente Camões, Vieira e Castilho. Frequentou a Faculdade de
Direito de São Paulo, onde teve por contemporâneos Joaquim Nabuco, Rodrigues
Alves e o poeta Castro Alves. Ao lado de Castro Alves, Rui batalhou
intrepidamente para a libertação dos escravos. Na revolta da Armada, em 1893,
Rui foi considerado responsável, ou um dos responsáveis pelo movimento, tendo
sido exilado do País. Esteve na Argentina, em Lisboa, Paris e Londres. Depois,
regressou à pátria, que o recebeu de braços abertos, sendo nomeado Ministro das
Relações Exteriores. Lutou pela anistia dos revoltosos de 1894 a 1897 e
participou do Código redigido por Clóvis Bevilacqua. Em 1907, instalou-se em
Haia a Segunda Conferência da Paz. E a voz do Brasil se fez ouvir nessa
Conferência, na palavra vibrante de Rui. De volta ao Brasil, esperava-o
calorosa recepção. Em 1910 disputa com
Hermes da Fonseca a presidência da República e é derrotado. Em 1916 foi
escolhido pelo governo brasileiro para representar o Brasil nos festejos da
independência Argentina. Em 1920, foi convidado para paraninfo dos bacharéis da
Faculdade de Direito de São Paulo. Não podendo comparecer, escreveu a célebre
“Oração aos Moços”, dedicado aos jovens advogados. Rui Barbosa foi brilhante
como cidadão, filósofo e jurista. Foi a maior inteligência que o Brasil já
teve. Obras: Cartas de Inglaterra, Finanças e Políticas, O Papa e o Concílio,
Alexandre Herculano, Oração do Apóstolo, Réplica, etc. Faleceu a 1º de Março de
1923.
Raul
Pompeia (1863-1895)
Ingressou na Faculdade de Direito do Recife. Com a
idade de Vinte e Cinco anos começou a publicar no jornal “A Gazeta de Notícias”
do Rio de Janeiro” o seu famoso romance “O Ateneu”. Em 1891, foi nomeado
professor de Mitologia da Escola de Belas Artes. Em 1894 foi nomeado diretor da
Biblioteca Nacional. É patrono da Academia Brasileira de Letras, cadeira nº 33,
suicidou-se em 25 de dezembro de 1895.
Produção
Literária com poetas realistas/naturalistas
Aluísio
Azevedo (1857-1913)
Azevedo (Aluísio de) ▬ Aluísio Tancredo Belo
Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís do Maranhão no ano de 1857 e faleceu em
Buenos Aires, em 1913. Um dos grandes escritores brasileiros, é considerado o
iniciador do Naturalismo no Brasil. Seu primeiro livro, “Uma Lágrima de Mulher” foi publicado em 1880. No
ano seguinte, lançou “O Mulato”. Em 1884, publicou “Casa de Pensão”, em 1887,
“O Homem, em 1889, “O Coruja” e em 1890, “O Cortiço”, considerada sua melhor
obra literária. Em 1895, ingressou na carreira consular, servindo em Vigo,
Nápolis, Tóquio e Buenos Aires, onde veio a falecer. Aluísio de Azevedo foi um
dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Júlio
Ribeiro (1845-1890)
Ribeiro (Júlio) ▬ Nasceu na cidade de Sabará no
estado de Minas Gerais, no ano de 1845. Foi professor, homem de letras e político.
Além de gramática, que renovou os estudos linguísticos entre nós, escreveu dois
romances: “Padre Belchior de Pontes e “A
Carne”. O primeiro focaliza a expedição de São Paulo contra os forasteiros
portugueses na região das Minas, sob o comando de Amador Bueno. O segundo, “A Carne” foi um
romance, segundo alguns, naturalista segundo outros, inconsequente. De qualquer
forma, é um marco da literatura brasileira, romance até hoje lido e discutido.
Júlio Ribeiro faleceu em Santos, no dia 1º de novembro de 1890.
O Realismo no Brasil (1881-1893)
Contexto Histórico-Social
O desenvolvimento do movimento realista está ligado às profundas
mudanças ocorridas na Europa durante a segunda metade do século XIX. O
capitalismo entra num novo estágio: de um lado, grande progresso industrial e
formação de grandes empresas; de outro, uma volumosa classe operária fazendo
reivindicações sociais. Essas reivindicações levaram novas tensões sociais e,
consequentemente, novas posições ideológicas. Nesse momento, a Europa é agitada
por um novo momento no campo da Filosofia e das ciências, o que permite um
conhecimento mais amplo do ser humano.
No Brasil, as ultimas décadas do século XIX refletem a crise da
monarquia e a urbanização cada vez mais acentuada.
Assinala-se 1881, como o marco inicial do Realismo e Naturalismo no
Brasil. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de
Assis, e O Mulato, de Aluísio Azevedo.
O Realismo
O Realismo surgiu como reação ao subjetivismo, ao individualismo e ao eu românticos. Em
seu lugar surge o objetivismo.
Os realistas procuram retratar o homem e a sociedade a partir da
observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos comportamentos,
buscando as causas dos fatos e fenômenos que as abordam.
O Naturalismo
Os ideais do Realismo levados as últimas consequências originam o que se
chamou de Naturalismo, movimento que considera o ser humano como produto biológico,
profundamente marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais
e pela hereditariedade. Todos esses fatores determinam a sua condição, o seu
comportamento. O Mulato, de Aluíso Azevedo, publicado em 1881, foi o primeiro
grande romance naturalista brasileiro.
Principais Autores E Obras Dessa Época
• Machado de Assis
Romances: Ressurreição, A Mão e
a Luva, Helena, Iaiá e Garcia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro,
Quincas Borba, Esaú e Jacó, Memorial de Aires.
Contos: Contos Fluminenses,
Histórias da meia-noite, Papéis Avulsos, Histórias sem data, Várias Histórias,
Páginas Recolhidas, Relíquias da Casa Velha.
Crônica: A semana.
Poesias: Crisálidas, Falenas, Americanas,
Ocidentais.
Teatro: Os Deuses de Casaca,
O Protocolo, Queda que As Mulheres têm pelos Tolos, Quase ministro, Caminho da
Porta.
Crítica: Machado de Assis
Escreveu a Crítica Literária e Crítica Teatral.
• Raul Pompeia
O Ateneu, A mão de Luís Gama, As Jóias da Coroa, Uma Tragédia no
Amazonas.
Canções sem Metro (poemas e prosa).
• Aluísio Azevedo
O Mulato, Casa de Pensão, O Cortiço, O Homem, O Coruja.
• Artur Azevedo
Teatro: Amor por Anexins, A
Capital Federal, A Joia.
• Inglês de Sousa
Cenas da Vida Amazônica, O Calculista, O Coronel Sangrado, O
Missionário.
• Adolfo Caminha
O Bom Crioulo, A Normalista.
• Manuel de Oliveira Paiva
Dona Guidinha do Poço.
Realismo/Naturalismo (1881-1893)
Na segunda metade do século XIX, surgem novas tendências científicas que
ajudam a compensar e compreender melhor a realidade. O pensamento subjetivo,
sonhador dos românticos foi sendo substituído pelo olhar minucioso, racional,
impessoal e objetivo dos cientistas. Entre as correntes de pensamento da época,
destacam-se o Positivismo (de Augusto Comte), O Socialismo (de Marx),
Determinismo (de Taine), O Evolucionismo (de Darwin) e a Psicanálise (de
Freud).
A literatura como não podia deixar de ser, também começa a rejeitar o
olhar idealista do romântico em relação à sociedade e seus problemas. Autores
românticos como Gustave Flaubert e Émile Zola começam a propor novos tipos de
romances. Flaubert lança em 1857, Madame Bovary, primeiro romance realista, que
chocou a sociedade francesa da época que levou o autor e o seu editor aos
tribunais por ferir a moral e os bons costumes. Zola lança Térèse Raquin, em
1867, primeira obra naturalista, que propunha um método científico para
escrever, utilizando-se até de coleta de dados e formulação de hipóteses.
O Realismo/Naturalismo surge no Brasil em um momento de discussão sobre
a abolição da escravatura. Ideais liberais, influenciados pelo Positivismo e
Determinismo começam a proliferar. Alguns escritores usavam o jornal para
divulgar suas opiniões.
Os textos realistas/naturalistas eram instrumentos de denúncias das
desigualdades sociais e crises. Os autores procuravam retratar o seu universo
literário com clareza, objetividade e impessoalidade. O narrador descreve os
fatos e observa os personagens como um cientista.
A primeira obra realista é Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de
Machado de Assis. No mesmo ano é publicada a primeira obra naturalista: O
Mulato, de Aluísio Azevedo.
Observação: É importante
ressaltar que Realismo e Naturalismo, embora tenham surgido na mesma época,
eles têm suas semelhanças e diferenças. Para começar todo escritor naturalista
é realista, mas nem todo escritor realista é naturalista. Como semelhança, há o
fato que ambos os movimentos se utilizam da realidade e da crítica social, da
linguagem objetiva e narrador impessoal como artifícios de criação. Porém os
realistas buscavam fazer o "romance de revolução", ou seja, obras
que, por meio da crítica e da análise psicológica e um número reduzido de
personagens, queriam transformar e educar a sua sociedade. O autor tinha um
compromisso moral e intelectual com os seus leitores. Enquanto isso, os
naturalistas buscavam demonstrar as suas teorias científicas em seus
personagens. Eram os "romances de tese". Neles, o narrador tinha uma
ótica cientificista, reduzindo o homem a mero animal, que lutava pela própria
razão, deixando ser dominado pelos instintos. Além de demonstrarem aspectos
desagradáveis de seus personagens, os escritores naturalistas buscavam retratar
ambientes coletivos, carregados de tipos sociais rebaixados, cheios de defeitos
morais, baseado-se no determinismo, que afirmava que o meio influenciava o
comportamento do homem.
No Realismo destacam-se Machado de Assis e Raul Pompéia, enquanto que no
Naturalismo destaca-se Aluísio Azevedo.
Referências→ Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio. Ensino Global
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura / Marta Pontes. - São aulo: DCL, 2010.