quinta-feira, 30 de julho de 2015

Literatura Brasileira - Realismo e Naturalismo

Literatura Brasileira – Realismo e Naturalismo

Realismo/Naturalismo/Parnasianismo
O Realismo e o Naturalismo, surgidos como reação ao sentimentalismo romântico, iniciaram-se em 1881, respectivamente, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e o mulato, de Aluísio Azevedo; manifestações poéticas do Parnasianismo já se faziam sentir desde 1870. Terminaram em 1893, com a publicação de Missal e Broquéis de Cruz e Sousa, que iniciaram o movimento simbolista. A data de término desses movimentos, no entanto, é puramente didática, uma vez que, até a segundo década do século XX e até posteriormente, é possível encontrar produções orientadas por todas essas estéticas.
Manifestações Artísticas
A pintura, arte essencialmente objetiva, consiste na observação das coisas reais existentes. A beleza não está no característico, mas na verdade, afirma o pintor francês Courbet. Antiburguês convicto, deu espaço em seus quadros aos trabalhadores, aos camponeses, retratando cenas da vida popular e cotidiana.
A arquitetura e a escultura insurgem-se contra o academicismo.
Literatura  
O Realismo iniciou-se na França, em 1857, com a publicação do romance Madame Bovary, em que seu autor, Gustave Flaubert, conta a história do adultério e suicídio de uma jovem burguesa romântica. Dez anos depois, Émile Zola inaugurou o romance naturalista com a publicação de seu romance experimental Térèse Raquin, em que lança mão da observação científica da sociedade e das reações humanas.
Os escritores realistas/naturalistas, opondo-se aos românticos e impulsionados pela filosofia e ciência da época, pretendiam reproduzir integralmente o real. Antimonárquicos, antiburgueses e anticlericais, em sua maioria republicanos e até socialistas, ao sentimentalismo opunham o materialismo e o racionalismo; ao subjetivismo, o objetivismo; à fantasia e à imaginação, a observação do real; ao retorno ao passado; o comprometimento com o momento presente; ao nacionalismo, o universalismo.
O romance realista, cujo maior representante é Machado de Assis, preocupou-se com a análise psicológica das personagens, em função da qual critica a sociedade. Trata-se de um romance documental, que pretende ser o retrato da época. O romance naturalista valorizou o coletivo, a análise social, entendo o homem como animal sujeito ao instinto, por isso a predileção temática pelas taras e desvios sexuais.
Produção Literária com poetas realistas
Machado de Assis (1839-1908)
Assis (Joaquim Maria Machado de) ▬ Nasceu no Rio de Janeiro, a 21 de Junho 1839. Teve uma infância pobre, perdendo a mãe aos dez anos. Sem meios para estudos regulares, tornou-se autodidata. Estimulado por Paula de Brito, escreveu seu primeiro trabalho literário, “Ela”. Foi revisor de provas, jornalista, tradutor, poeta, uma das mais puras e firmes expressões da língua portuguesa no Brasil. Seu primeiro livro publicado foi “Queda que as Mulheres têm pelos Tolos”. Daí por diante, a literatura brasileira seria por ele enriquecida das mais belas obras literárias, entre romances, estudos, poesias, contos, crítica, teatro, crônicas, etc. Dentre suas obras, destacam-se: “Dom Casmurro”, “Quincas Borba”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Esaú e Jacó”, etc. Faleceu o grande escritor brasileiro, em 29 de Janeiro de 1908, na cidade do Rio de Janeiro.
Rui Barbosa (1849-1923)
Barbosa (Rui) ▬ Nasceu na cidade de Salvador na Bahia, a 5 de novembro 1849. Conta-se que aos dez anos de idade já conhecia os clássicos, principalmente Camões, Vieira e Castilho. Frequentou a Faculdade de Direito de São Paulo, onde teve por contemporâneos Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves e o poeta Castro Alves. Ao lado de Castro Alves, Rui batalhou intrepidamente para a libertação dos escravos. Na revolta da Armada, em 1893, Rui foi considerado responsável, ou um dos responsáveis pelo movimento, tendo sido exilado do País. Esteve na Argentina, em Lisboa, Paris e Londres. Depois, regressou à pátria, que o recebeu de braços abertos, sendo nomeado Ministro das Relações Exteriores. Lutou pela anistia dos revoltosos de 1894 a 1897 e participou do Código redigido por Clóvis Bevilacqua. Em 1907, instalou-se em Haia a Segunda Conferência da Paz. E a voz do Brasil se fez ouvir nessa Conferência, na palavra vibrante de Rui. De volta ao Brasil, esperava-o calorosa recepção.  Em 1910 disputa com Hermes da Fonseca a presidência da República e é derrotado. Em 1916 foi escolhido pelo governo brasileiro para representar o Brasil nos festejos da independência Argentina. Em 1920, foi convidado para paraninfo dos bacharéis da Faculdade de Direito de São Paulo. Não podendo comparecer, escreveu a célebre “Oração aos Moços”, dedicado aos jovens advogados. Rui Barbosa foi brilhante como cidadão, filósofo e jurista. Foi a maior inteligência que o Brasil já teve. Obras: Cartas de Inglaterra, Finanças e Políticas, O Papa e o Concílio, Alexandre Herculano, Oração do Apóstolo, Réplica, etc. Faleceu a 1º de Março de 1923.
Raul Pompeia (1863-1895)
Ingressou na Faculdade de Direito do Recife. Com a idade de Vinte e Cinco anos começou a publicar no jornal “A Gazeta de Notícias” do Rio de Janeiro” o seu famoso romance “O Ateneu”. Em 1891, foi nomeado professor de Mitologia da Escola de Belas Artes. Em 1894 foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional. É patrono da Academia Brasileira de Letras, cadeira nº 33, suicidou-se em 25 de dezembro de 1895.
Produção Literária com poetas realistas/naturalistas
Aluísio Azevedo (1857-1913)
Azevedo (Aluísio de) ▬ Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís do Maranhão no ano de 1857 e faleceu em Buenos Aires, em 1913. Um dos grandes escritores brasileiros, é considerado o iniciador do Naturalismo no Brasil. Seu primeiro livro, “Uma Lágrima de Mulher” foi publicado em 1880. No ano seguinte, lançou “O Mulato”. Em 1884, publicou “Casa de Pensão”, em 1887, “O Homem, em 1889, “O Coruja” e em 1890, “O Cortiço”, considerada sua melhor obra literária. Em 1895, ingressou na carreira consular, servindo em Vigo, Nápolis, Tóquio e Buenos Aires, onde veio a falecer. Aluísio de Azevedo foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.  
Júlio Ribeiro (1845-1890)
Ribeiro (Júlio) ▬ Nasceu na cidade de Sabará no estado de Minas Gerais, no ano de 1845. Foi professor, homem de letras e político. Além de gramática, que renovou os estudos linguísticos entre nós, escreveu dois romances:  “Padre Belchior de Pontes e “A Carne”. O primeiro focaliza a expedição de São Paulo contra os forasteiros portugueses na região das Minas, sob o comando de  Amador Bueno. O segundo, “A Carne” foi um romance, segundo alguns, naturalista segundo outros, inconsequente. De qualquer forma, é um marco da literatura brasileira, romance até hoje lido e discutido. Júlio Ribeiro faleceu em Santos, no dia 1º de novembro de 1890.

O Realismo no Brasil (1881-1893)

Contexto Histórico-Social
O desenvolvimento do movimento realista está  ligado às profundas mudanças ocorridas na Europa durante a segunda metade do século XIX. O capitalismo entra num novo estágio: de um lado, grande progresso industrial e formação de grandes empresas; de outro, uma volumosa classe operária fazendo reivindicações sociais. Essas reivindicações levaram novas tensões sociais e, consequentemente, novas posições ideológicas. Nesse momento, a Europa é agitada por um novo momento no campo da Filosofia e das ciências, o que permite um conhecimento mais amplo do ser humano.
No Brasil, as ultimas décadas do século XIX refletem a crise da monarquia e a urbanização cada vez mais acentuada.
Assinala-se 1881, como o marco inicial do Realismo e Naturalismo no Brasil. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Mulato, de Aluísio Azevedo.   

O Realismo 
O Realismo surgiu como reação ao subjetivismo, ao individualismo e ao eu  românticos. Em seu lugar surge o objetivismo.
Os realistas procuram retratar o homem e a sociedade a partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos comportamentos, buscando as causas dos fatos e fenômenos que as abordam.

O Naturalismo
Os ideais do Realismo levados as últimas consequências originam o que se chamou de Naturalismo, movimento que considera o ser humano como produto biológico, profundamente marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela hereditariedade. Todos esses fatores determinam a sua condição, o seu comportamento. O Mulato, de Aluíso Azevedo, publicado em 1881, foi o primeiro grande romance naturalista brasileiro.

Principais Autores E Obras Dessa Época
• Machado de Assis
Romances: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá e Garcia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Esaú e Jacó, Memorial de Aires.
Contos: Contos Fluminenses, Histórias da meia-noite, Papéis Avulsos, Histórias sem data, Várias Histórias, Páginas Recolhidas, Relíquias da Casa Velha.
Crônica: A semana.
Poesias: Crisálidas, Falenas, Americanas, Ocidentais.
Teatro: Os Deuses de Casaca, O Protocolo, Queda que As Mulheres têm pelos Tolos, Quase ministro, Caminho da Porta.
Crítica: Machado de Assis Escreveu a Crítica Literária e Crítica Teatral.

• Raul Pompeia
O Ateneu, A mão de Luís Gama, As Jóias da Coroa, Uma Tragédia no Amazonas.
Canções sem Metro (poemas e prosa).

• Aluísio Azevedo   
O Mulato, Casa de Pensão, O Cortiço, O Homem, O Coruja.

 Artur Azevedo
Teatro: Amor por Anexins, A Capital Federal, A Joia.

 Inglês de Sousa
Cenas da Vida Amazônica, O Calculista, O Coronel Sangrado, O Missionário.

 Adolfo Caminha
O Bom Crioulo, A Normalista.

• Manuel de Oliveira Paiva
Dona Guidinha do Poço.

Realismo/Naturalismo (1881-1893)
Na segunda metade do século XIX, surgem novas tendências científicas que ajudam a compensar e compreender melhor a realidade. O pensamento subjetivo, sonhador dos românticos foi sendo substituído pelo olhar minucioso, racional, impessoal e objetivo dos cientistas. Entre as correntes de pensamento da época, destacam-se o Positivismo (de Augusto Comte), O Socialismo (de Marx), Determinismo (de Taine), O Evolucionismo (de Darwin) e a Psicanálise (de Freud).
A literatura como não podia deixar de ser, também começa a rejeitar o olhar idealista do romântico em relação à sociedade e seus problemas. Autores românticos como Gustave Flaubert e Émile Zola começam a propor novos tipos de romances. Flaubert lança em 1857, Madame Bovary, primeiro romance realista, que chocou a sociedade francesa da época que levou o autor e o seu editor aos tribunais por ferir a moral e os bons costumes. Zola lança Térèse Raquin, em 1867, primeira obra naturalista, que propunha um método científico para escrever, utilizando-se até de coleta de dados e formulação de hipóteses.
O Realismo/Naturalismo surge no Brasil em um momento de discussão sobre a abolição da escravatura. Ideais liberais, influenciados pelo Positivismo e Determinismo começam a proliferar. Alguns escritores usavam o jornal para divulgar suas opiniões. 
Os textos realistas/naturalistas eram instrumentos de denúncias das desigualdades sociais e crises. Os autores procuravam retratar o seu universo literário com clareza, objetividade e impessoalidade. O narrador descreve os fatos e observa os personagens como um cientista.
A primeira obra realista é Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis. No mesmo ano é publicada a primeira obra naturalista: O Mulato, de Aluísio Azevedo.
Observação: É importante ressaltar que Realismo e Naturalismo, embora tenham surgido na mesma época, eles têm suas semelhanças e diferenças. Para começar todo escritor naturalista é realista, mas nem todo escritor realista é naturalista. Como semelhança, há o fato que ambos os movimentos se utilizam da realidade e da crítica social, da linguagem objetiva e narrador impessoal como artifícios de criação. Porém os realistas buscavam fazer o "romance de revolução", ou seja, obras que, por meio da crítica e da análise psicológica e um número reduzido de personagens, queriam transformar e educar a sua sociedade. O autor tinha um compromisso moral e intelectual com os seus leitores. Enquanto isso, os naturalistas buscavam demonstrar as suas teorias científicas em seus personagens. Eram os "romances de tese". Neles, o narrador tinha uma ótica cientificista, reduzindo o homem a mero animal, que lutava pela própria razão, deixando ser dominado pelos instintos. Além de demonstrarem aspectos desagradáveis de seus personagens, os escritores naturalistas buscavam retratar ambientes coletivos, carregados de tipos sociais rebaixados, cheios de defeitos morais, baseado-se no determinismo, que afirmava que o meio influenciava o comportamento do homem.
No Realismo destacam-se Machado de Assis e Raul Pompéia, enquanto que no Naturalismo destaca-se Aluísio Azevedo.


 Machado de Assis, o precursor e principal poeta do Realismo brasileiro.


Referências→ Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio. Ensino Global
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura / Marta Pontes. - São aulo: DCL, 2010.


  





terça-feira, 28 de julho de 2015

Literatura Portuguesa - Realismo

Literatura Portuguesa - Realismo

Realismo
O Realismo quis criar uma arte que representasse objetivamente a realidade, que se ocupasse do homem e de seus problemas.
O Realismo surgiu como reação ao sentimentalismo exacerbado dos ultra-românticos e propunha a observação e análise rigorosa da realidade afim de retratá-la fiel e objetivamente. Iniciou-se em 1865 com a "Questão Coimbrã", em que se confrontaram as velhas ideias dos românticos com as da nova geração realista, e terminou em 1890 com a publicação de Oaristos de Eugênio de Castro. Esse período produziu poesia, prosa de ficção, jornalismo doutrinário, historiografia, crítica e historiografia literária.

Manifestações Artísticas
O primeiro quadro realista foi o Enterro em Ornans, do pintor francês Courbet. Socialista convicto, filho de camponeses, ele era antiburguês e queria pintar o mundo visível tal qual era sem o sentimento romântico, por isso deu espaço em seus quadros aos homens no trabalho.
Procurando renovar o material e as técnicas, tonto a arquitetura quanto a escultura insurgem-se contra o academicismo.

Literatura
As origens do realismo remontam à França, quando em 1857 Flaubert publicou o romance Madame Bovary, que conta a história de uma romântica jovem burguesa que termina em suicídio. A filosofia e a ciência da época incitam os escritores realistas a reproduzir integralmente o real. Para tanto opuseram ao excessivo sentimentalismo romântico o materialismo e o racionalismo; ao subjetivismo; o objetivismo; à fantasia e a imaginação, a observação; ao retorno à Idade Média, o comprometimento com o momento presente; ao nacionalismo, o universalismo.

Os realistas, em sua maioria republicanos e até os socialistas, são antimonárquicos, antiburgueses e anticlericais, traços presentes em suas obras.
A "Questão Coimbrã", de 1865, que marcou o início do Realismo, representou a primeira reação pública contra o Romantismo. Ela originou-se de uma carta posfácio de Antônio Feliciano de Castilho ao livro Poema da Mocidade do também romântico Pinheiro Chagas. Nesse texto, Castilho elogiava o livro de Pinheiro e criticava a nova poesia dos moços de Coimbra, sobretudo Teófilo Braga (que publicara Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras) e Antero de Quental (que publicara Odes Modernas).
Antero respondeu com uma carta aberta intitulada Bom Censo e Bom Gosto em que acusava Castilho (seu velho professor de francês) de obscurantismo, ao mesmo tempo que defendia a liberdade de pensamento e a independência dos jovens escritores.
Iniciada a polêmica, formaram-se dois partidos que publicaram algumas dezenas de pequenas obras defendendo ou criticando cada um dos lados. A vitória foi do grupo dos jovens de Coimbra, que em 1871, organizou o ciclo de Conferências Democráticas no Cassino Lisbonense. Das dez conferências, só cinco foram realizadas, pois um decreto real fechou o Cassino e proibiu as conferências sob a alegação que atacavam a religião e o Estado. No entanto a semente do Realismo fora lançada.

Produção Literária 

Poesia   
Antero de Quental (1842-1891)   
Ele foi o líder intelectual da geração de 1870 e divulgador das ideias socialistas em Portugal. Embora filho de ricos proprietários, depois da "Questão Coimbrã" trabalhou como operário em Paris. Em 1873, com a morte do pai, assumiu o comando das propriedades, vivendo em constante conflito. Suicidou-se em 1891. 
Ao lado de Camões e Bocage, Antero de Quental forma a trinca dos mais perfeitos sonetistas portugueses.
Gomes Leal (1848-1921) 
Sua obra dividi-se em três fases. Na primeira, sua poesia oscila entre o Romantismo e o Realismo, Claridades do Sul é o seu livro mais importante.  Na segunda fase, em O Anticristo, aceita o credo positivista e socialista. Seu terceiro momento caracteriza-se por uma postura mais simbolista, expressa O Fim dum Mundo.
Guerra Junqueiro (1850-1923)
Principal poeta panfletário do Realismo, criticou severamente a mentalidade burguesa. Em sua primeira fase lembra a poesia social de Victor Hugo: em A Morte de D. João retrata a corrupção da sociedade da época, em A Velhice do Padre Eterno critica a luxuria do clero. Na segunda fase, substituiu o cientificismo pela poesia lírica a serviço da salvação do homem. É desse período Os Simples.
Cesário Verde (1855-1886)
Sua poesia (que se preocupa com o apuro formal), ao mesmo tempo que transita entre o Romantismo e o Realismo, é uma ponte para atitudes que estarão em moda no Simbolismo e no Modernismo. Ele retratou de forma exata a realidade cotidiana das ruas de Lisboa.
Gonçalves Crespo (1846-1883)
Ele também filia-se à linha da poesia do cotidiano e destaca-se, sobretudo, pelo culto da forma, uma das principais características do Parnasianismo, que não vingou em Portugal, ao contrário da França e do Brasil.
Prosa
Eça de Queirós (1845-1900)
Eça de Queirós o melhor prosador do Realismo português, não participou da “Questão Coimbrã”, mantendo-se somente como espectador. No entanto, em 1871, nas conferências democráticas, apresentou o trabalho O Realismo como Expressão da Arte. No mesmo ano fundou com Ramalho Ortigão o jornal As Farpas, em que criticava o Romantismo e satirizava a sociedade portuguesa.

Realismo
      Questão Coimbrã: origem do Realismo.
      Iniciou-se com uma censura publicada no jornal a um grupo de jovens escritores exibicionistas que tratavam de temas que nada tinham de poesia.
      Principais autores do Realismo
- Guerra Junqueiro,
- Antero de Quental e
- Eça de Queirós.

O Realismo em Portugal (1865-1890)
Contexto Histórico-Social 
Uma grande polêmica travada nos jornais, conhecida como a Questão Coimbrã, em 1865, marca o início do Realismo em Portugal.
A “Questão” desenvolve um acalorado debate e troca de acusações entre os seguidores da escola romântica e os da escola realista.
Principais Autores e Obras do Realismo em Portugal
Prosa
Eça de Queirós: O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, Os Maias, A Relíquia, A Cidade e as Serras, O Mandarim, A Ilustre Casa de Ramires, O Mistério da Estrada de Cintra, A Capital, O Conde de Abranhos, Últimas Páginas, Alves e Cia.
Fialho de Almeida: A Cidade do Vício, O País das Uvas, Contos.
Poesia
Antero de Quental: Odes Modernas, Verso dos Vinte Anos, Sonetos Completos, Raios de Extinta Luz.
Gomes Leal: Claridades do Sul, O anti-Cristo, O Fim do Mundo.
Cesário Verde: O Livro de Cesário Verde.
Guerra Junqueiro: A Musa em Férias, Os Simples, A Velhice do Padre Eterno.
Algumas Características Desses Escritores
Eça de Queirós: um dos maiores prosadores da língua portuguesa combate as falhas das instituições, satiriza os costumes com sutileza e graça, num estilo fluente e de vigor narrativo.
Antero de Quental: optou pela poesia filosófica, indagadora das causas dos fenômenos da consciência e da existência.
Cesário Verde: é chamado O “Poeta do Cotidiano”, das coisas que permanecem insignificantes, comuns.
Guerra Junqueiro: começa como romântico e evolui para o Realismo.
Gomes Leal: tem uma poesia heterogênea, sarcástica, indagada e, na última fase, voltada contra as injustiças e a corrupção social.
Observe a maneira de se expressar de Eça de Queirós no texto São Cristovão extraído do livro Últimas Páginas:

São Cristovão
Cada vez mais escarpado, entre rochas, se
empinava o caminho da serra. E Cristovão, todo
curvado, com os seus cabelos caídos sobre a
face e pingando, arquejava a cada passo. Subiria
ele jamais até à morada do menino? E uma grande
dor batia-lhe o coração, no terror de cair sem
força e a criancinha ficar ali, naquele ermo
rude, entre as feras, sob a tormenta. A cada instante
tinha de arrimar a mão a mão rocha, desfalecido,
de se prender a ramagem dum abeto. E a
claridade crescia; já no alto dos montes, ele via
palidamente alvejar a neve.
▬ Ó meu menino, onde é a casa de teu pai?
▬ Mais longe, Cristovão, mais longe...
E aquele bom gigante, agasalhando os pés
Do menino da dobra da pele de cabra, que o vento
desmanchava, seguia com longos gemidos no
caminho infindável, que mais se apertava entre
rochas eriçadas de silvas enormes. Por fim, mal
podia passar; as pontas das rochas rasgavam-lhe
os braços, os longos espinhos, atravessados, levavam-lhe
a pele rude da face. E seguia! Já das
feridas lhe pingava o sangue, e os olhos embaciados
mal distinguiam o caminho, que parecia
oscilar todo como abalado num tremor de terra.
Uma luz, no entanto, mais viva, cor-de-rosa, já
Subia por trás das linhas dos cerros.
Mas Cristovão parou, sem poder mais. Com
O menino agarrado nos braços, ficou encostado a
Uma pedra, arquejando.
▬ Onde é a casa de teu pai?
▬ Mais longe, Cristovão, mais longe...
▬ Ó meu menino, onde é a casa de teu pai?
▬ Mais longe, Cristovão, mais longe...
Então o bom gigante fez um prodigioso esforço,
e a cada passo, meio desfalecido, os olhos turvos,
a cada instante lançando a mão para se arrimar, tropeçando,
com grossas gotas de suor que se misturavam a grossas
gotas de sangue, rompeu a caminhar, sempre para cima, sempre
para cima. Os seus pés iam ao acaso, no desfalecimento
que o tomava. Uma grande frialdade invadia todos os seus
membros. Já se sentia tão fraco como a criança que lavava aos
ombros. E parou, sem poder, no topo do monte. Era o fim: um
grande sol nascia, banhava toda a terra em luz. Cristovão pousou
o menino no chão, e caiu ao lado, estendendo as mãos. Ia
morrer. Mas sentiu suas grossas mãos presas nas do menino,
▬ e a terra faltou-lhe debaixo dos pés. Então entreabriu os
Olhos, e no esplendor incomparável reconheceu Jesus, Nosso
Senhor, pequenino como quando nasceu no curral, que docemente,
Através da minha manhã clara, o ia levando para o céu.
Eça de Queirós, Últimas Páginas.

Realismo (1865-1890)
Durante a segunda metade do século XIX, o pensamento científico e filosófico provoca uma mudança radical no comportamento da sociedade. Esse período era chamado de "novo século das luzes". O devaneio romântico e a idealização eram logo substituídos pela verdade. O artista começava a ver o mundo com os olhos da razão e segundo as teorias cientificistas, como tentativa de explicar aquilo que a religião deixava sem respostas. A realidade seria explicada pelas leis naturais.
Em Portugal, o Realismo surgiu a partir da Questão Coimbrã, marco inicial do Realismo. A Questão Coimbrã era uma forma de lutar contra a estagnação do circuito literário, que ainda seguia os preceitos românticos. Os coimbrãos, como eram chamados esses estudantes opostos a literatura que não condizia mais com a realidade vigente, chegaram até sequestrar o reitor da universidade para chamar a atenção para as suas discussões. Para agravar mais o fato, em 1865, Feliciano de Castilho, escritor do Romantismo português, envia uma carta ao seu editor criticando os jovens escritores realistas Antero de Quental, Vieira de Castro e Teófilo Braga, alegando que em seus trabalhos literários faltavam "bom senso e bom gosto". Antero de Quental respondeu a Feliciano de Castilho em um livreto intitulado "Bom Censo e Bom Gosto", que "A futilidade num velho desgosta-me tanto como a gravidade numa criança. V. Exa. Precisa menos Cinquenta anos de idade, ou então mais cinquenta anos de reflexão". O comentário no opúsculo acabou gerando polêmicas e discussões.

Destacam-se nesse período os poetas Guerra Junqueiro, Antero de Quental, Cesário Verde e Gomes Leal. Já na prosa, são significativos os trabalhos de Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão e, sem dúvida, a narrativa minuciosa e crítica de Eça de Queirós.


 Eça de Queirós, um dos melhores poetas do Realismo português.




Referências→ Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio. Ensino Global
Literaturas de Língua Portuguesa - Trovadorismo ao Modernismo
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura / Marta Pontes. - São Paulo: DCL, 2010.
   

sábado, 25 de julho de 2015

Literatura Brasileira - Romantismo

Literatura Brasileira - Romantismo

Romantismo
O Romantismo foi o primeiro movimento literário brasileiro da Era Nacional. Nosso país acabara de tornar-se politicamente independente e reivindicava uma literatura autônoma. Que refletisse nossa realidade. Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, iniciou em 1836, o Romantismo, que encerrou em 1881. A estética romântica foi fértil  em poesia e prosa e viu nascer o teatro nacional.

Manifestações Artísticas
Na Europa, o Romantismo representou uma revolução na concepção de vida e de arte. Pregando a liberdade de criação, o predomínio do sentimento, o individualismo, insurgiu-se contra os valores clássicos: o equilíbrio, a sobriedade, a imitação da Antiguidade, o raciocínio, as convenções. A fascinação do exótico e os temas racionalistas são uma tônica na pintura. Mas a arquitetura e a pintura continuam sendo neoclássicas.
A música, marcada pelo individualismo, aproveitou as canções populares e refletiu preocupações coletivas relacionadas aos movimentos de unificação, que marcam o período. Beethoven, Lizt, Chopin, Schumann e Schubert são alguns dos expoentes desse período.
No Brasil, a pintura e a arquitetura neoclássicas dominaram o Romantismo. Debret relatou em seus quadros os costumes e personagens da época. Vitor Meireles, Almeida Júnior e Pedro Américo voltaram-se para temas históricos e mitológicos.
Na música destacaram-se Carlos Gomes, que em 1860 torna-se preparador de óperas na Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, e Elias Álvares Lobo.

Literatura 
O Romantismo teve suas origens em final do século XVIII, na Alemanha e Inglaterra. Na Alemanha, o movimento pré-romântico Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), de acentuado caráter nacionalista desencadeou o Romantismo. Goethe, com o seu Werther, romance que conta os sofrimentos amorosos de um jovem e seu suicídio, é responsável por uma onda europeia de emotividade e imitações.
Na Inglaterra, Sir Walter Scott escreveu romances históricos, uma tendencia fundamental no Romantismo, e Lord Byron é a expressão do ideal romântico: o poeta como libertador dos povos, pois além de escrever poesia ultra-romântica, participou das lutas pela independência da Grécia. Mas foi a França a responsável pela divulgação das novas ideias influenciadas em grande parte, pela teoria do bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau, segundo a qual o homem nasce bom, mas a sociedade civilizada o corrompe.
O Romantismo inicia com a ascensão econômica e política da burguesia e expressa os sentimentos dos descontentes com as novas estruturas e relações sociais: de um lado, a nobreza que não desfruta dos mesmos privilégios e, de outro, a pequena burguesia que ainda não ascendeu.
Esse movimento foi marcado por três fatos fundamentais:
a) aparecimento de um púbico leitor, resultado de uma literatura mais popular, expressa uma linguagem mais acessível a leitores sem cultura clássica;
b) surgimento do romance como forma mais difundida e acessível de comunicação literária;
c) consolidação do teatro, que ganha novo impulso e, abolindo a rígida estrutura clássica, cria o drama.
No Brasil, o Romantismo inicia-se com Gonçalves de Magalhães, em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades. Durante seu período de vigência desenvolveram-se a poesia, a prosa e o teatro.

Poesia

As Gerações Românticas
1ª Geração (nacionalista ou indianista): caracteriza-se, sobretudo, pela criação do herói nacional, pelo lirismo amoroso ou pelo paisagismo. Os principais autores são: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre.
2ª Geração (byroniana ou mal do século): caracterizou-se pela obsessão pela morte, sentimento de tédio, pessimismo, individualismo, melancolia e morbidez. Os principais autores são: Alvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.
 Geração (condoreira): seu emblema foi uma poesia de caráter social, patriótica, antiescravagista, abolicionista. Seu mais importante poeta foi Castro Alves.
A presença do nacional nos motivos e na linguagem foi a característica comum às três gerações românticas.

Produção Literária
Primeira Geração
Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
Embora sua poesia tenha pouco valor literário, o poeta foi importante porque introduziu o Romantismo no Brasil, em 1836, com Suspiros Poéticos e Saudades, obra publicada em Paris. Mais tarde, em 1857, lançou uma epopeia indianista A Confederação dos Tamoios. Escreveu, também, a peça Antônio José ou O Poeta e a Inquisição que, segundo o autor, era "a primeira tragédia escrita por um brasileiro e única de assunto nacional".
Gonçalves Dias (1823-1864)
Dias (Antônio Gonçalves) ▬ Poeta brasileiro nasceu no estado do Maranhão, a 10 de agosto de 1823. Estudou latim, francês e filosofia. Matriculou-se, em 1840, no Colégio das Artes, em Coimbra, com o objetivo de formar-se em Direito e foi em Portugal que escreveu sua famosa "Canção do Exílio". Já formado, embarcou para o Brasil, onde permaneceu durante muitos anos. Em 1847, lançou "Os Primeiros Cantos" e 1848, "Os segundos Cantos e Sextlilhas de Frei Antão". Em 1849, foi nomeado professor de latim e História do Brasil no Colégio Pedro II.
Em 1851, foram publicados os "Últimos Cantos". Em 1862, bastante enfermo embarcou para Europa. Em 1864, voltando ao Brasil no navio Ville de Boulogne, faleceu no naufrágio daquele barco, que se chocou com os recifes, nas costas do Maranhão. Gonçalves dias é o patrono da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras.

Segunda Geração
Alvares de Azevedo (1831-1852)
Azevedo (Manuel Antônio Alvares de) ▬ Poeta brasileiro nascido em São Paulo a 12 de Setembro de 1831. " Lira dos Vinte Anos" é o título da sua obra principal, deixada inédita e publicada pouco depois de sua morte em 10 de Março de 1852, no Rio de Janeiro. Escreveu ainda "A Noite na Taverna", livro de contos, e mais "Conde Lopo", um drama incompleto, aliás. Deixou também traduções e comentários bíblicos.
Junqueira Freire (1832-1855)
Sua obra lírica divide-se em religiosa, amorosa, filosófica, popular (ou sertaneja) e alguma poesia social, de tom declamatório, precursora de Castro Alves. Escreveu Inspirações do Claustro, Contradições Poéticas, Tratado de Eloquência Nacional e o drama Ambrósio.
Fagundes Varela (1841-1875)
Poeta brasileiro nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1841 e faleceu em Niterói em 1875. Lutou pelo abolicionismo. Sua obra poética é da mais alta importância. Pertenceu à terceira geração romântica, e sua obra ocupa lugar de grande importância no lirismo brasileiro. A tônica temática  de sua poesia é o contraste entre a cidade e o sertão, sociedade e o bucolismo, entre a solidão em meio à paisagem e a necessidade do convívio social. Escreveu: "Anchieta" ou o "Evangelho de Selvas", "Cântigo do Calvário", "O Estudante Alviverde", e "Vozes da América".
Casimiro de Abreu (1839-1860)
Abreu (Casimiro de) ▬ Poeta brasileiro, Casimiro José Marques de Abreu nasceu em Barra de São João, no estado do Rio de Janeiro, em 4 de Janeiro de 1839. Poeta de grande inspiração, seus versos são ainda hoje apreciados, lidos com admiração. "As Primaveras", sua coletânea do poema, ainda continua agradando ao grande público, e as edições se sucedendo. Faleceu a 19 de outubro de 1860.

Terceira Geração 
Castro Alves (1847-1871)  
Alvares (Antônio Frederico Castro)  ▬ Nasceu na Fazenda Cabeceiras, freguesia de Muritiba, no estado da Bahia, a 14 de Março de 1847. É considerado um dos maiores poetas brasileiros. Em 1863, começou a participar da campanha abolicionista, escrevendo em um jornal acadêmico seus primeiros versos em defesa da abolição da escravatura: "A Canção do Vaticano". Castro Alves participou ativamente das inquietações de espírito, da agitação poética e patriótica e das lutas liberais que empolgavam a sua geração. Em 1868 transferiu-se do Rio de Janeiro para São Paulo, onde ao lado de Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Carlos Ferreira e outros, continuou sua campanha abolicionista, declamando seus poemas antiescravagistas em praça pública. Cursou a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo. Não chegando, entretanto, a terminar seus estudos, devido a sua saúde precária, fruto da vida irregular que levava. Foi acometido de tuberculose. Um acidente ocorrido em uma calçada acabou por consumi-lo. A 6 de Julho de 1871, faleceu em Salvador, com a idade de 24 anos. Deixou vasta bagagem literária, entre artigos, poesias, etc. Escreveu: "A Cachoeira de Santo Afonso", "A Revolução de Minas" ou "Gonzaga", drama e o livro "Espumas Flutuantes".
Sousândrade (1833-1902)
O maranhense Sousândrade foi um poeta originalíssimo para sua época, por isso morreu quase desconhecido. Seu estilo ousado, baseado em efeitos sonoros inusitados, plurilinguismo, produção sintática inovadora, revela-se em Obras Poéticas, Harpa Selvagem e Guesa Errante. O poeta que viveu muitos anos nos Estados Unidos, conheceu um mundo totalmente diferente da realidade brasileira, grandes concentrações urbanas, capitalismo (feroz e competitivo) em ascensão, que transportou para seu livro Guesa Errante.
Nesse livro, retomando uma lenda quíchua, o autor narra o sacrifício de um adolescente indígena cujo coração é extraído pelos sacerdotes e seu sangue é recolhido em vasos sagrados. A novidade é que os sacerdotes estão disfarçados de empresários e especuladores de Wall Street, em Nova York, onde Guesa refugiou-se. Sousândrade só foi redescoberto recentemente pelos críticos de vanguarda.

Ficção
A formação de um público leitor que buscava distração, entretenimento, estimulou o aparecimento da prosa literária romântica. A esse público, composto por moços e moças das classes mais altas, profissionais liberais e pessoas da aristocracia rural, agradavam o enredo cheio de peripécias, a descrição da paisagem nacional, o final feliz.
A primeira tentativa de romance, no Brasil, foi O Filho de Pescador, de Teixeira de Sousa, publicado em 1843, uma obra de valor secundário, simples imitação de folhetins estrangeiros de segunda categoria.
Em 1844, Joaquim Manuel de Macedo inaugurou o romance brasileiro com A Moreninha, livro que teve maior receptividade do público em função da trama e da linguagem acessível. Floresceram no Romantismo vários tipos de romance, segundo a temática e o ambiente:
a) urbano: focaliza a situação da burguesia que habita a Corte (a cidade do Rio de Janeiro), apresentando conflitos sentimentais;
b) indianista: descreve costumes e tradições do índio brasileiro e o contato com o colonizador. Esse tipo de romance reflete o caráter nacionalista da literatura da época (como o Brasil não teve Idade Média, o indianismo foi a saída para a criação do herói nacional);
c) regionalista: espelha a realidade (sempre idealizada) de diferentes regiões do Brasil;
d) histórico: relata fatos de nosso passado colonial.

Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)
Macedo (Joaquim Manuel de) ▬ Romancista, poeta e jornalista brasileiro, nasceu em 1820 e faleceu no Rio de Janeiro em 1882. Pode ser considerado um dos pioneiros do Romance no Brasil. Seu primeiro romance "A Moreninha", lançado em 1844, até hoje é sucesso. Macedo sempre gozou de grande popularidade devido ao teatro e aos seus romances. Produziu muito. Foi médico e professor e foi várias vezes eleito deputado à Assembleia Provincial e deputado federal. Além de "A Moreninha" e outro romance "O Forasteiro", Macedo escreveu: "O Moço Louro", 1845; "Os Dois Amores", 1848; O Culto do Dever", 1865; "A Namoradeira", 1870; e outras obras. É o patrono da cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras.
José de Alencar (1829-1877)
Alencar (José Martiniano de) ▬ Nasceu no Ceará no dia 1º de Março de 1829. Foi bacharel em Direto, jornalista, professor, crítico, teatrólogo e poeta. Escreveu sob o pseudônimo de IG, em 1856, as "Cartas sobre a Confederação dos Tamoios". É considerado o fundador do romance brasileiro, já que foi o primeiro a dar um verdadeiro estilo literário. Sua obra está repleta de um nacionalismo vibrante, toda ela escrita na tentativa de nacionalismo puro, numa técnica nova, muito brasileira. Publicou: " O Guarani", "Iracema", "Ubirajara", "As Minas de Prata" "O Garatujá", "O Ermitão da Glória",  'Lucíola" "A Pata da Gazela", "O Gaúcho", "O Tronco de Ipê", "O Sertanejo" e muitos outros, José de Alencar faleceu em 1877.
Bernardo Guimarães (1825-1884)
Guimarães (Bernardo Joaquim da Silva) ▬ Jornalista, professor, crítico e poeta, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, no ano de 1825. Formado em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1852, viveu a atmosfera romântica de sua época. Estreou na literatura com um livro de versos "Contos da Solidão", em 1852, ao qual se seguiram "Poesias", "Folhas de Outono" e "Novas Poesias". Bernardo Guimarães foi um dos iniciadores do regionalismo romântico com a publicação de "O Ermitão de Muquém", lançado em 1869. Abrangendo o tema da escravidão, escreveu ainda "Escrava Isaura" e ainda "O Garimpeiro", e "O Seminarista". Bernardo Guimarães morreu em 1884.
Visconde de Taunay (1843-1899)
Taunay (Alfredo d'Escragnolle, Visconde de) ▬ Nasceu no Rio de Janeiro a 22 de Fevereiro de 1843. Em 1859, iniciou o curso de Ciência, Física e Matemática da escola militar, onde em 1862, foi promovido a alferes-aluno e em 1864 a segundo-tenente de artilharia. Taunay incorporou-se à coluna expedicionária como membro da comissão de engenheiros. Essa coluna tinha por missão expulsar de Mato Grosso os paraguaios que ali se encontravam. Voltando para o Rio, foi convidado pelo conde D'Eu para secretariar seu Estado-Maior. Assistiu a todas as batalhas travadas nos campos de guerra inimigos, onde se provou a bravura dos brasileiros e testemunhou o desfecho da luta contra o ditador Solano Lópes. Taunay foi um homem de atividades as mais variadas - politico, professor, engenheiro, escritor ("A Inocência", "A Retirada de Laguna", etc.). Foi um dos primeiros membros da Academia Brasileira de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro em 25 de Janeiro de 1899.        
Franklin Távora (1842-1888)
Um dos fundadores do regionalismo, retratou figuras típicas do nordeste, o vaqueiro, o mulato, o cangaceiro. Lutou pela criação da "Literatura do Norte". Em sua obra mais conhecida, O Cabeleira, retratou um famoso cangaceiro.
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
Em seu único livro, Memórias de um Sargento de Milícias, primeiramente publicado em folhetins, o autor faz romance de costumes, retratando tipos e costumes próprios do Rio de Janeiro da época de D. João VI. O romance possui fraca unidade, centralizada na figura de Leonardo, filho do meirinho Leonardo Pataca e de Maria da Hortaliça. Abandonado pelos pais por suas traquinagens e atitudes escandalosas. Leonardinho foi educado pelo padrinho (o barbeiro) e pela madrinha (a parteira). Todas essas personagens envolveram-se em acontecimentos pitorescos, numa sequência que prende a atenção pelo tom de crônica e pela linguagem adequada aos tipos ambientes e costumes da época.
Manuel Antônio de Almeida chega a ser um precursor do Realismo, pois sua maior preocupação não está em realizar um romance de acordo com as regras do gênero, senão em trazer a cor local, com toda a sua autenticidade, retratada com malícia, humor e sátira. O protagonista é o primeiro herói malandro, anti-herói ou herói pitoresco da literatura brasileira. No entanto, comprovando a tese romântica do primeiro amor, Leonardinho regenera-se ao final, entra para as milícias como sargento e casa-se com Luisinha.

Teatro
O Romantismo assistiu à implantação do teatro nacional. Se Gonçalves de Magalhães, em 1838, com a peça Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, inaugurou o teatro brasileiro, coube a Martins Pena sua consolidação. É necessário salientar-se, nesse período, o importante papel desempenhado por João Caetano, o primeiro grande ator brasileiro.

Martins Pena (1815-1848)
Criador da comédia nacional com O Juiz de Paz na Roça, em suas obras Martins Pena retrata, de forma irônico humorística, numa linguagem simples e cotidiana, os costumes da cidade e do campo:
- o brasileiro do campo, sua ingenuidade e fala simples;
- a classe média e seus casamentos interesseiros, visando à ascensão social;
- moças casadouras;
- velhas solteironas;
- contrabandistas de escravos;
- comerciantes inescrupulosos.

O Romantismo no Brasil (1836-1881)
Contexto Histórico-Social
O Romantismo começa no Brasil em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Aparecem também, nessa época a revista Niterói ▬ Revista Brasiliense, com ideias românticas, de Gonçalves de Magalhães, Porto Alegre e Torres Homem.
Pode-se perceber a proximidade do início do Romantismo no Brasil com a proclamação de sua independência, ocorrida em 1822. Nesse momento de afirmação da nacionalidade, o movimento romântico brasileiro expressou os propósitos de valorizar o passado histórico do país.
O Romantismo no Brasil estendeu-se até 1881, quando surge O Mulato, de Aluísio Azevedo, assinalando o predomínio das ideias realistas e naturalistas. Durante todo esse período, conflitos e tensões caracterizaram a situação política do país.
São conhecidas as crises relacionadas com a abdicação de D. Pedro I e as Regências, a Sabinada (1837-1838), a Balaiada (1838-1841), a Revolução Farroupilha (1835-1845), a Revolução Praieira, em Pernambuco (1848), a Guerra do Paraguai (1865-1870), etc.
Durante esse período de quase meio século, dominaram nas letras brasileiras: o eu; o sentimentalismo; o nacionalismo; o indianismo; o liberalismo.

As Tendências do Romantismo no Brasil
• O indianismo e o nacionalismo: valorização do índio, de nossa flora e fauna. 
O regionalismo (ou sertanismo), que aborda o nosso homem do interior, caracterizando a região em que ele vive, com seu folclore, seus costumes.
• Chamado mal do século, ou byronismo, marcado pela melancolia, tristeza, sentimento de morte, pessimismo, cansaço da vida.
A realidade política e social (o abolicionismo, as lutas humanitárias, sentimentos liberais, o poder agrário, a corrupção).
• Os problemas urbanos, surgidos com o relacionamento indústria-operário.

Romantismo na Poesia
Três gerações de poetas sucederam-se ao longo do Romantismo no Brasil.

 Geração 
Obras de temática religiosa e mística.
• Gonçalves de Magalhães
• Gonçalves Dias

2ª Geração (ultra-romântica)
Obras que revelam acentuado individualismo e subjetivismo. É a poesia da dúvida, da desilusão, do negativismo diante da vida (mal do século).
Poetas desta fase:
• Álvares de Azevedo
• Casimiro de Abreu
• Junqueira Freire   
• Fagundes Varela

3ª Geração (Condoreira)
A poesia condoreira busca palavras de sentido vasto e elevado, de imensidão e infinito. Temas de natureza social, como o abolicionismo, inspiram seus autores, com destaque para Castro Alves.

Ficção
A prosa romântica foi constituída principalmente pelo romance.
a) Romance indianista, sobressaindo a obra de José de Alencar
b) Romance urbano. Ambientado na Corte do Rio de Janeiro, constitui um registro da moral e dos costumes da sociedade brasileira do Segundo Império.
Autores representativos:
• José de Alencar
• Joaquim Manuel Macedo
• Manuel Antônio de Almeida
c) Romance Regionalista. Retrata os costumes, as crenças, a linguagem e a geografia das diversas regiões do país.
Autores:
• José de Alencar
• Bernardo Guimarães
Franklin Távora
Visconde de Taunay
d) Romance Histórico. Bandeirantes e aventureiros destacam-se na constituição imaginosa de nosso passado histórico, como faz José de Alencar.

Teatro
Tragédias, dramas, e comédias de costumes integram a produção teatral do período romântico, representada por:
• Martins Pena
José de Alencar
• Gonçalves Dias
• Gonçalves de Magalhães

Gonçalves de Magalhães
Domingos José Gonçalves de Magalhães nasceu no Rio de Janeiro, em 1811, e faleceu em Roma, em 1882.
Sua obra tem mais valor histórico que literário.

Romantismo (1836-1881)
Os preceitos do Romantismo estão ligados à Revolução Francesa (1789) e a ascensão da burguesia e seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Nesse período há uma valorização da individualidade e da sensibilidade do artista, que seguia seu coração, o seu emocional. O Romantismo rebatia o Arcadismo e rompe com toda a tradição helênica, que valorizava a razão, a contenção, o equilíbrio, em oposição ao sentimentalismo, o exagero, ama busca pela espiritualidade.
Para o artista clássico, a arte deveria ser imitação dos modelos greco-latinos, enquanto no romantismo, havia uma busca pela originalidade, a valorização da emoção, inspiração e intuição do artista. Os artistas românticos conseguiram aproximar bem a arte e suas próprias experiências pessoais. Para auxiliar na busca pela inspiração, alguns artistas usavam drogas ou álcool, vivendo intensamente cada momento, encontrando no suicídio e na morte a solução para as angústias da vida. Outros artistas por outro lado, envolviam-se com causas sociais, como a escravidão.
A arte clássica, por apreciar a razão e a claridade, era chamada de "diurna", enquanto a arte romântica por apreciar o desconhecido, a escuridão, a morte, o conflito, era chamada de "noturna". Pela sua liberdade de expressão e busca pela originalidade, o Romantismo é considerado um período de união dos contrastes: conseguiu aliar o belo ao grotesco harmoniosamente.
O Romantismo no Brasil se iniciou com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836.
Após a independência política, em 1822, há aqui também a ascensão de uma burguesia, a transformação do Rio de Janeiro em uma grande capital e, logo a intelectualidade nacional começaria a vazar mais as suas raízes, a sua cultura, a sua história e a sua própria língua. A literatura desse período, inicialmente, assume uma postura antilusitana e anticolonialista, surgindo assim com vários temas que resgatam as nossas origens e a nossa individualidade: o indianismo, o regionalismo, o folclore e o nosso passado pré-cabralino. Há um projeto de valorização da pátria e da nossa identidade nacional.
No geral, o Romantismo tem as seguintes características: idealização, subjetividade, sentimentalismo, egocentrismo, religiosidade, evasão, pessimismo e melancolia (chamado por alguns de mal-do-século), valorização do índio, nacionalismo, das lutas sociais e de liberdade (condoreirismo), gosto pela vida boêmia e noturna (byronismo) e obsessão pela morte.
Por ser abrangente, o Romantismo é dividido da seguinte maneira:

Poesia
É divida em três gerações:
1ª geração - indianista e nacionalista - valoriza o nosso país e vê o índio como símbolo de honra e herói nacional. Autores: Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.
2ª geração - byroniana ou mal-do-século - inspirada em byron, pessimista, gosto pela noite  e pela morte. Autores: Álvares de Azevedo, Fagundes Varela, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire.
3ª geração - condoreira ou hugoana - usa a figura do condor como símbolo da liberdade e tem inspiração no autor francês. Voltada para as causas sociais como a abolição da escravatura. Autores: Castro Alves e Sausândrade.

Prosa
Era muito comum a publicação dos romances de folhetim, obras publicadas em capítulos todas as semanas nos jornais da época. Fizeram grande sucesso entre a burguesia, equivalente as novelas de hoje (embora essas atinjam  as classes sociais mais baixas), com uma estrutura simples, mas que, com seus conflitos e estratégias, conseguiam prender a atenção do leitor. Escritores como José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, entre outros, fizeram muito sucesso com  gênero e tiveram seus textos publicados primeiramente em folhetins de jornal para posteriormente serem lançados reunidos em livros, em forma de romance. Há também outros tipos de romances como:
Romance Urbano - que criticava os costumes da sociedade burguesa. Exemplo: A moreninha (Joaquim Manuel de Macedo); Memórias de  Um Sargento de Milícias (Manuel Antônio de Almeida).
Romance Indianista - sempre ligado as histórias de uma tribo no período antes da chegada dos portugueses ao Brasil ou relata o contato do índio com o branco, após a colonização. Exemplos: O Guarani, Iracema, Ubirajara (todas as obras de José de Alencar).
Romance Regionalista - obras que caracterizam ou descrevem as hábitos culturais de uma determinada região. Exemplos: Inocência (Visconde de Taunay); O Seminarista (Bernardo de Guimarães); O Gaúcho (José de Alencar).
Romance Histórico - obras como um fato histórico como pano de fundo. Exemplos: A Guerra dos Mascates; As minas de prata (José de Alencar).  

 José de Alencar, sem dúvida um dos mais importantes romancista brasileiros.

 Gonçalves de Magalhães, com sua poesia Suspiros Poéticos e Saudades, ele inaugura o Romantismo brasileiro, em 1836.



Referências→ Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio, Ensino Global.
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura / Marta Pontes. - São Paulo: DCL, 2010.   
  

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Literatura Portuguesa - Romantismo

Literatura Portuguesa - Romantismo

Romantismo
A palavra de ordem do Romantismo é liberdade: do eu, dos povos, da arte.
O Romantismo em Portugal se inicia com a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, em 1825, e termina, em 1865, com a "Questão Coimbrã", que deu início à estética realista. Durante os quarenta anos de regência, o Romantismo apresentou três fases: a primeira, cuja a produção ainda refletia alguns valores neoclássicos; a segunda, em que as características românticas são levadas ao exagero; a terceira, que representa a transição para o Realismo.
Manifestações Artísticas
O Romantismo representou uma verdadeira revolução na concepção de vida e, por consequência, na arte. Rompeu com a tradição clássica e o culto da Antiguidade, com o nacionalismo, com as convenções.
A liberdade de criação, o individualismo, a emotividade, o exotismo e o nacionalismo foram a tônica na pintura e na música.   
Na música, o aproveitamento de canções populares de seus países para óperas em miniaturas manifestou-se nas obras de Schumann e Schubert. O polonês Fréderic Chopin buscou inspiração nas danças populares de sua terra para expressar suas paixões. Os noturnos de Chopin representam outra característica romântica em música: a sentimental atração pela noite.
A arquitetura e a escultura, no entanto, sofreram pouca influência da nova estética, atendendo-se ainda aos padrões neoclássicos. 
Literatura
As origens do Romantismo remontam a dois países:
a) Alemanha: em fins do século XVIII, o movimento Sturm und Drang (tempestade e ímpeto) é responsável por uma onda europeia de emotividade levada ao extremo. O sentimentalismo do Werther, romance de Goethe que conta o sofrimento de um jovem que se mata por causa de um amor impossível, tornou moda na Europa o suicídio. 
b) Inglaterra: Sir Walter Scott, autor de Ivanhoé, escrevendo romances históricos, iniciou a corrente de superstições e fantasmas. Lord Byron mostrou que a vida do artista confundia-se com a própria obra, ele é a expressão do ideal romântico: além de escrever poesia ultra-romântica, cheia de pessimismo, participou das lutas pela independência da Grécia.
À França coube a tarefa de divulgar essas novas ideias:
O surgimento de um público consumidor, sem educação literária, que ignorava os valores clássicos, as referências mitológicas, que preferia a linguagem mais simples e direta, os enredos romanescos, o sentimentalismo, determinou a personificação do escritor que ganhou consciência do seu papel junto às massas, chegando a sentir-se algumas vezes um profeta, um condutor dos povos.
Reagindo aos clássicos, os românticos revoltaram-se contra as regras, os modelos, defendendo a liberdade de criação. Quanto à forma, foi comum a utilização do verso livre (sem métrica nem estrofação) e do verso branco (sem rima). Quanto ao conteúdo, alguns temas, francamente opostos aos do Arcadismo, lhe são característicos:
a) sentimentalismo: o eu torna-se o centro do universo (egocentrismo). As razões do coração opõem-se ao racionalismo clássico;
b) supervalorização do amor: (consequência do sentimentalismo): o amor foi encarado como o valor mais importante da vida em oposição àquele mais cultivado pela burguesia: o dinheiro.;
c) mal do século: o poeta sentimental, que supervaloriza o amor, sentia-se frustrado e desajustado diante da realidade, o que gerava uma sensação de angústia, tédio, insatisfação e melancolia;
d) evasão: tentando encontrar saídas para esse estado de angústia, o romântico desenvolveu  mecanismos de fuga da realidade:
- evasão no tempo: o romântico procurou as raízes na nacionalidade na Idade Média cavaleiresca e cristã e criou heróis nacionais.
- evasão no espaço: o romântico exalta a natureza, concebida como extensão do próprio "eu", se o poeta é triste, o cenário natural também o é, com uma predileção pelas paisagens noturnas.
- a morte: essa foi a solução mais radical, a solução definitiva de todos os conflitos.

O Romantismo português apresentou três momentos:
a) primeiro momento: escritores ainda presos a alguns princípios neoclássicos, mas responsáveis pela introdução do Romantismo em Portugal: Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho.
b) segundo momento: superados os laços arcádicos, seguiu-se o pleno domínio da estética romântica. São representantes de ultra-romantismo (romantismo levado ao exagero) Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.
c) Terceiro momento: caracterizou-se por um romantismo mais contido que anuncia a transição para o Realismo. São representantes deste momento João de Deus e Júlio Dinis.

Primeiro Momento
Almeida Garrett (1799-1854)
Na poesia de Garrett, introdutor do Romantismo em Portugal, existem três fases:
1) A primeira, totalmente ligado ao Arcadismo, a que pertencem os textos da Lírica de João Mínimo;
2) A segunda, ainda não totalmente romântica, em que se encontram dois pemas narrativos. Em "Camões", marco inicial do Romantismo, o autor explorou os aspectos sentimentais, a vida pessoal do autor de Os Lusíadas. Em D. Branca, Garrett resgatou a história medieval portuguesa.
3) A terceira revela um autor tipicamente romântico. Em Flores sem Frutos e Folhas Caídas misturam-se a dor, angústia, sentimentalismo e sensualidade.
Além do poeta, Garrett foi o fundador do teatro nacional português.
Em seus romances, a importância do nacionalismo não foi menor. Ele incorporou o gosto pela tradição popular em O Arco de Sant'Ana, inspirado na crônica de D. Pedro I, de Fernão Lopes. Em Viagens na minha Terra, Garrett entremeia as peripécias da história de um amor de Joaninha, Carlos e Georgina ao relato de uma viagem (que realmente fez) a Santarém.
Alexandre Herculano (1810-1877)
Herculano foi o consolidador do romance histórico na literatura portuguesa. Em O Bobo retrata a época    de emancipação do Condado Portucalense (século XII). Sob o título de Monásticon, reúnem-se dois romances: O monge de Cister, cuja ação se passa durante o reinado de D. Pedro I, o Mestre de Avis, e Eurico, o Presbítero, sua obra-prima, ambientada na época das lutas da Reconquista. Nesta obra, Herculano discute o celibato clerical.
Essa preocupação em retratar a Idade Média já estava presente em Lendas e Narrativas, obra que contém contos e novelas.
Em Harpa do Crente, cujo o poema mais famoso é a Cruz Mutilada, encontra-se o melhor de sua produção lírica.


Antônio Feliciano de Castilho (1800-1875)

Antônio Feliciano de Castilho, 1.º visconde de Castilho, (Lisboa, 28 de Janeiro de 1800 — Lisboa, 18 de Junho de 1875) foi um escritor romântico português, polemista e pedagogista, inventor do Método Castilho de leitura. Em consequência de sarampo perdeu a visão quase completamente aos 6 anos de idade. Licenciou-se em direito na Universidade de Coimbra. Viveu alguns anos em Ponta Delgada, Açores, onde exerceu uma grande influência entre a intelectualidade local. Contra ele se rebelou Antero de Quental (entre outros jovens estudantes coimbrões) na célebre polêmica do Bom-Senso e Bom-Gosto, vulgarmente chamada de Questão Coimbrã, que opôs os jovens representantes do realismo e do naturalismo aos vetustos defensores do ultra-romantismo. Algumas de suas obras são A Chave do Enigma (eBook), Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa Cruz (eBook), O Presbyterio da Montanha (eBook) e Cartas de Echo a Narciso (1821).

Segundo Momento

Camilo Castelo Branco (1825-1890)


Sua vida afetiva foi um romance de folhetim. Órfão desde os dez anos, casou-se aos 15. Raptou outra moça (sua prima) com quem passou a viver; acusado de bigamia, foi preso. Sua primeira esposa e sua filha morrem. Camilo abandona a prima, apaixonou-se por uma poetiza e por uma freira. Conhece Ana Plácido (casada com um rico comerciante), foram presos (na prisão escreveu Amor de Perdição). Absolvidos, tiveram dois filhos com problemas de saúde, casam-se e passam por dificuldades financeiras. Ana morre. cego, por causa da sífilis, Camilo suicida-se.

Camilo Castelo Branco foi o escritor mais fértil de Portugal: escreveu perto de 300 obras entre teatro, historiografia, poesia, epistolografia, polêmica, e sobretudo, prosa de ficção. Como soube interpretar o gosto do público, escreveu novelas passionais de fácil consumo, grande parte delas publicadas em folhetins de jornais da época. Uma narrativa linear, mas densa e objetiva, com poucas descrições e excesso de peripécias e sentimentalismo, abandonando o conflito entre as razões do coração e as convenções sociais foram o segredo do seu sucesso.


Soares de Passos (1826-1860)

SOARES DE PASSOS

“No ano de 1855, Antônio Soares de Passos, poeta lusitano, publicava sua primeira e única coletânea de versos intitulada Poesias". Sem símiles no período em que fora escrita, a obra — ambientada em meio a túmulos e lousas de pátina nuança e as paisagens outonais de profunda melancolia — se apresenta como um verdadeiro epitáfio no contexto literário da época.
Nascido em 21 de novembro de 1826, na cidade do Porto, filho da pequena burguesia liberal, Soares de Passos, aos vinte anos de idade, partiu para Coimbra, onde começou a escrever e onde fundou o jornal literário O Novo Trovador, para o qual colaboraram diversos poetas da segunda geração romântica de Portugal.
Sua poesia, inscrita na atmosfera de seu tempo, imersa no ideário ultra-romântico, paira sobre uma temática simultaneamente sombria e reivindicativa. Reivindicativa porque, ao lado de uma lírica ultra-romântica, apresenta também textos de protesto, que advogam valores de progresso e liberdade (...)”. 
Terceiro Momento
João de Deus (1830-1896)
Em Flores do Campo e Campo de Flores, João de Deus versa sobre os temas prediletos do Romantismo: mulher amada, saudade, amor, destino, religiosidade, numa linguagem que retoma o ritmo das cantigas populares.
Júlio Dinis (1839-1871)
Júlio Dinis era o pseudônimo do médico Joaquim Guilherme Gomes Coelho. Ao contrário de Camilo Castelo Branco, em seus romances não há tragédia nem fatalismo, mas uma visão visão otimista do mundo e sempre um epílogo feliz que culmina no casamento. Sua linguagem é simples e, embora os temas tratados sejam os mesmos de outros românticos, amor e casamento, ele detém-se na análise psicológica e no perfil moral de suas personagens, e sobretudo no contexto sócio-econômico em que se movimentam. Com exceção de Uma Família Inglesa, cuja ação se passa no Porto, os outros romances As Pupilas do Senhor Reitor, A Morgadinha dos Canaviais e Os Fidalgos da Casa Mourisca, são ambientados no campo.

Romantismo
Homem angustiado, o homem triste, o homem em busca da perfeição.
Literatura das coisas da alma –angústias do mundo e da luta pela liberdade e igualdade.
Dividiu-se em três estilos:
a) primeira,
b) Segunda e
c) Terceira gerações.

pelo estilo de produção:



O Romantismo em Portugal (1825-1865)
Em Portugal, o Romantismo desenvolveu-se em meio às lutas políticas entre D. Miguel e D. Pedro. Vários escritores ingressaram no exército de D. Pedro, o que explica os anos de exílio de muitos deles, bem como o inflamado nacionalismo da produção romântica portuguesa.
O iniciador do Romantismo em Portugal foi Garrett, que em 1825 publica um longo poema intitulado Camões (uma espécie de biografia sentimental de Camões e seus amores).
Entre os autores românticos portugueses, destacam-se Garrett (João Batista Leitão de Almeida Garrett),  Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Antônio Feliciano de Castilho, João de Deus e Soares Passos.
Almeida Garrett
Nasceu na cidade do Porto, em 1799. Envolveu-se na política.
Fez uma campanha em favor do teatro nacional e ocupou cargos políticos. Faleceu em 1854, deixando inacabada uma novela de tema brasileiro intitulada Helena.
Obras
Poesia: Camões, D. Branca, Folhas caídas
Teatro: Catão, Frei Luís de Sousa, O Alfageme de Santarém
Prosa de ficção: Viagens na minha terra, O arco de Sant'Ana, Helena

Este Inferno De Amar 
Este inferno de amar ▬ como eu amo! ▬
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida ▬ e que a vida destrói ▬
Como é que se veio atear,
Quando ▬ ai quando se há de ela se apagar?
Eu não sei,  não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... ▬ foi um sonho ▬
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! Despertar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol  tanta luz!
E os meus olhos que vagos giravam.
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? ▬ Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...
Folhas Caídas.
Romantismo (1825-1865)
O Romantismo começa em Portugal com a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, em 1825. A obra é uma espécie de biografia do autor de Os Lusíadas.
As características do Romantismo são: a busca pela morte, a solidão, o sofrimento amoroso, a idealização da figura feminina e do mundo ao seu redor, o exagero na subjetividade e no individualismo. Nos quarenta anos de Romantismo português, a escola literária passou por algumas transformações, mas podem ser identificadas três fases diferentes:
1ª fase (1825-1838): ainda com influências neoclássicas, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Carvalho.
2ª fase (1835-1860): ultra-romântica, com influência de autores franceses e ingleses (Byron), em que tudo aparece de forma arrebatadora, extrema, em excesso. Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.
3ª fase (1860-1865): marca a transição do Romantismo para o Realismo. João de Deus e Júlio Dinis.   


Almeida Garrett, o introdutor do Romantismo português.


Referências→ Antônio Miranda. Soares de Passos. Disponível em: http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/portugal/soares_dos_passos.html
Wikipédia, a enciclopédia livre. Antônio Feliciano de Castilho. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Feliciano_de_Castilho
Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio. Ensino Global
Literaturas de Língua Portuguesa. Trovadorismo ao Modernismo
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura /Marta Pontes. - São Paulo: DCL, 2010.