sexta-feira, 17 de junho de 2016

Literatura Brasileira - Simbolismo

Literatura Brasileira - Simbolismo

Simbolismo
O Simbolismo iniciou-se em 1893 com Missal (prosa) e Broquéis (poesia), dois livros de Cruz e Sousa, e terminou, teoricamente,  em  1922 com a Semana de Arte Moderna, que  inaugurou  uma literatura autenticamente brasileira, cem anos depois de nossa independência política. No entanto, (como  já  dissemos), tanto o Simbolismo,  quanto o Parnasianismo,  sobreviveram ao divisor de águas, que foi a Semana, e conviveram com o Pré-Modernismo.

Manifestações Artísticas
O Impressionismo, na pintura, correspondeu ao  Simbolismo Literário. Importava para seus pintores mais o efeito geral, a sugestão do que a representação  nítida do  objeto. Em pinceladas   rápidas, eles queriam captar o  instante e os efeitos da luz.
A música, abandono a temática épica do Romantismo,  inspirou-se no extremo oriente e valorizou a sonoridade dos instrumentos e os jogos harmônicos. Claude Debussy foi o seu maior representante.
No Brasil, a influência impressionista revela-se em algumas obras de Eliseo Visconte como Esperança.

Literatura
O Simbolismo surgiu como reação à objetividade e descritivismo parnasianos. Entre nós, no entanto, foi abafado pela produção parnasiana que correspondia mais intensamente aos anseios da burguesia em ascensão.
A confiança ilimitada  na ciência, sucederam um descrédito e um desânimo sem  formas definida; ao racionalismo e ao materialismo, a valorização da intuição e as manifestações estaduais e metafísicas.

Características
O  Simbolismo caracteriza-se pela musicalidade dos versos, pela criação de uma  atmosfera de mistério e pela sugestão (para seus poetas, as palavras deveriam sugerir, evocar, não definir nem descrever como faziam os parnasianos).
a) musicalidade: o simbolista francês Paul Verlaine decreta "de la musique  avant toute chose" (música antes de qualquer coisa) e essa foi a característica mais perseguida  por todos.
Para conseguir esse efeito, usavam repetições,  aliterações, inovações métricas.
b) mistério: o uso de vocábulo litúrgico e os adjetivos de significação vaga e imprecisa enfatizam a atmosfera de mistério da maioria dos textos simbolistas.
c) sugestão: as metáforas polivalentes (os símbolos) e as analogias sensorias (sinestesias) sugerem estados d'alma e representam um mergulho no caso do inconsciente do poeta.

Produção Literária
Cruz e Sousa (1861-1898)
Catarinense de Florianópolis, Cruz e Sousa nasceu escravo, mas, criado pelo senhor, frequentou boas escolas. Vítima de preconceito racial, foi para o Rio de Janeiro, onde se empregou na Estrada de Ferro Central do Brasil. Casou-se, mas os filhos morreram, sua mulher enlouqueceu e ele morreu tuberculoso. Passou seus últimos dias numa cidadezinha de Minas Gerais, de onde seu corpo foi transportado num vagão para o Rio de Janeiro. O professor francês Roger Bastide considerou-o um dos três grandes simbolistas, ao lado de Mallarmé e Stefan George.

Afonso de Guimarães (1870-1921)
Na obra de Afonso Henriques da Costa Guimarães, o tema constante é a morte da mulher amada ao qual os outros, natureza, religião e arte se relacionam. Influenciado pelo poeta francês Verlaine, Afonso privilegia a camada sonora do signo, trabalhando as aliterações, onomatopeias, repetições. Em versos simples manifesta uma constante manifestação mística atestada, também em seus poemas dedicados à Virgem Maria em Setenário das Dores de Nossa Senhora. "Ismália" é um de seus poemas mais conhecidos.

Simbolismo (1893-1902)
CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL

Como afirma Massaud Moisés, "O Simbolismo é antes de tudo, antipositivista, antinaturalista e anticentificista".
Trazido da França, onde o poeta Baudelaire havia publicado Flores do Mal, em 1857, inaugurando a nova estética, o Simbolismo teve origem em Portugal com a publicação de Oaristos (1890), de Eugênio de Castro e no Brasil com as publicações dos livros Missal (prosa) e Broquéis (poesia) em 1893 de Cruz e Sousa.
Os simbolistas procuraram expressar de maneira subjetiva o mundo do inconsciente, do vago, do nebuloso, da ilusão, do caos, do ilógico e do mistério.

CARACTERÍSTICAS DO SIMBOLISMO
1. Temas mais frequentes
Mistérios da vida, mistérios da morte, religião, existência de Deus, misticismo, a solidão, a ilusão, o vago, o oculto, o sobrenatural.
2.Preocupação com a forma
A forma era mais importante que o conteúdo, isto é, os simbolistas se preocupavam mais com a escolha e beleza das palavras do que com as ideias. A linguagem dos simbolistas era colorida, poética, exótica, com ritmo. Realçavam palavras com inicial maiúscula.
3. Musicalidade
Os simbolistas davam grande ênfase ao valor musical das palavras. Aparecem com frequência vocábulos sonoros, onomatopeias e aliterações.

Vozes veladas, veludosas vozes.
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas vãs, vulcanizadas.


Cruz e Sousa, Violões que choram.

Veladas: dissiminadas.
Volúpia: grande prazer.
Vórtice: redemoinho.
Vulcanizadas: inflamadas.


4. Utilização de palavras polivalentes, ambíguas, ou de duplo sentido.
5. Linguagem indireta. O poeta refere-se a um objeto sem dizer seu nome.
PRINCIPAIS AUTORES SIMBOLISTAS
Em Portugal
Eugênio de Castro, Antônio Nobre, Camilo Pessanha.
No Brasil
Cruz e Sousa, Emiliano Perneta, Alphonsus de Guimaraens, Augusto dos Anjos e Raul de Leoni.

Agora leia com atenção o soneto "Ao Cair da Tarde", de Emiliano Perneta e observe que o poeta não aborda o tema da velhice e da morte, mas apenas o sugere, por meio de palavras e expressões que simbolizam o mesmo assunto.

AO CAIR DA TARDE
Agora nada mais. Tudo silêncio, tudo.
Esses claros jardins com flores de giesta.
Esse parque real, esse palácio em festa,
Dormindo à sombra de um silêncio surdo e mudo...

Nem rosas, nem luar, nem damas... Não me iludo
A mocidade aí vem, que ruge e que protesta.
Invasora brutal. E a nós que mais nos resta.
Senão ceder-lhe a espada e o manto de veludo?

Sim, que nos resta mais? Já não fulge e não arde
O sol! E no covil negro desse abandono.
Eu sinto o coração tremer como um covarde!

Para que mais viver, folhas tristes de outono?
Cerra-me os olhos, pois, Senhor. É muito tarde.
São horas de dormir o derradeiro sono.

Simbolismo (1893 -1902)
A segunda metade do século XIX foi marcada por um período de crise e várias transformações. Uma das grandes crises mais fortes desse período foi a Grande Depressão (1873-1896), que retardou o desenvolvimento econômico e científico da Europa.
Como o materialismo positivista e o racionalismo não deram ao homem todas as respostas, mostrando que as crises parecem ser, em primeiro momento, insolúveis, era necessário buscar no misticismo, a transcendência as explicações dos conflitos. Nesse momento surge o simbolismo.
Apoiados nas teorias freudianas do inconsciente e subconsciente, os simbolistas queriam uma arte de conhecimento e culto do próprio "eu", rejeitando assim a realidade e o mundo material. Logo usariam também uma linguagem sugestiva, que ampliaria as possibilidades de se conhecer o mundo e as coisas. O lema simbolista era: "sugerir, não nomear", pois a sugestão, ou seja, trabalhar os símbolos, poderia trazer um conhecimento e ampliação das várias possibilidades de conhecimento do mundo e dos objetos, diferente da nomeação das coisas, que acabam limitando as formas de se ver o mundo concreto. Seria como trabalhar o concreto por meio do abstrato.    
As principais características do Simbolismo são: o misticismo, a forte musicalidade (o uso de aliterações, paranomásias, assonâncias, entre outras), abuso de várias imagens noturnas, a solidão e o isolamento (simbolizados pela torre de marfim), a transcendência, subjetividade forte. Além disso, é muito comum no Simbolismo o uso das Sinestesias, que seria a relação e a aproximação entre dois sentidos diferentes como a visão e o olfato, por exemplo. 
O Simbolismo no Brasil se inicia com dois livros de Cruz e Sousa Missal e Broquéis, em 1893. Os principais escritores simbolistas são: Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e o ainda pouco estudado Pedro Kilberry.   


 Segundo o professor francês Bastide, Cruz e Sousa é um dos 3 grandes poetas simbolistas.


Referências→ Escola Viva. Programa de Pesquisa e Apoio Escolar. O Tesouro do Estudante. Multimídia Multicolor 2003. Nível Fundamental e Médio. Ensino Global.
Sistema de Ensino Ibep. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura/ Marta Pontes - São Paulo: DCL 2010.







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