domingo, 2 de agosto de 2015

Literatura Portuguesa - Simbolismo

Literatura Portuguesa - Simbolismo


Simbolismo

• Espiritualismo e transcendência como oposição ao racionalismo e ao império da razão e da lógica.

• Sugestão: gosto pela percepção sensível (dada pelos sentidos); figura de linguagem - a sinestesia.

Principais Poetas
1) Eugênio de Castro.


2) Antônio Nobre.


3) Camilo Pessanha.


SAUDOSISMO


• Movimento representante da lusitanidade.


• Conhecido como a Renascença Portuguesa porque pregava a propagação de ideias nacionalistas e o sebastianismo.


• Teixeira de Pascoaes.


Simbolismo (Portugal) - resumo, autores, dicas e questão comentada

O Simbolismo começou em 1857 com a publicação de As flores do Mal, de Charles Baudelaire (1821 – 1867). Esteticamente, os simbolistas se opuseram às propostas do Realismo na Europa. Em Portugal, o movimento iniciou-se com o livro Oaristos (1890), de Eugénio de Castro (1869 – 1944).


Autores

Antônio Nobre (1867 – 1900): trata a temática da saudade enfatizando a musicalidade e a utilização de imagens estranhas e inesperadas. Sua obra apresenta a idealização da infância e do campo em contraposição à decadência do espaço urbano.

Camilo Pessanha (1867 - 1926): utiliza uma linguagem moderna, que passa ao largo dos simbolistas convencionais, para discutir questões existenciais. A obra de Pessanha apresenta um simbolismo arrebatado, considerado o verdadeiro sentimento simbolista para muitos críticos.


Com o que ficar atento?

Os artistas simbolistas dão ênfase a temas místicos, imaginários e subjetivos. Produzem poesia de caráter individualista, descartam a lógica e a razão e valorizam a intuição. Usam sinestesias e figuras sonoras – como assonância e a aliteração – para criar musicalidade e despertar os sentidos. Para sugerir a imagem de objetos, usam símbolos.

O Simbolismo é um contraponto à rigidez parnasiana e à subjetividade ausente de sentimentalismo da estética romântica.


Como pode cair no vestibular?

Sobre certos aspectos, o Simbolismo resgata o gosto romântico pelo vago e pelo impreciso e essa relação embasa muitas questões. Também são comuns as perguntas sobre o pessimismo e a efemeridade da vida que aparecem nas obras simbolistas.


Como já caiu no vestibular?

1. (Mackenzie)

Chorai, arcadas

Do violoncelo!

Convulsionadas

Pontes aladas

De pesadelo ...


Trêmulos astros...

Soidões* lacustres...

- Lemes e mastros...

E os alabastros

Dos balaústres!

soidões – solidões.

Camilo Pessanha


Assinale a alternativa correta sobre o texto.

a) Destaca a expressão egocêntrica do sofrimento amoroso, de nítida influência romântica.

b) Recupera da lírica trovadoresca a redondilha maior, a estrutura paralelística e os versos brancos.

c) A influência do Futurismo italiano é comprovada pela presença de frases nominais curtas e temática onírica.

d) A linguagem grandiloquente, as metáforas cósmicas e o pessimismo exacerbado comprovam o estilo condoreiro.

e) A valorização de recursos estilísticos relacionados ao ritmo e à sonoridade é índice do estilo simbolista.


GABARITO
Resposta correta: E

Comentário: É característica marcante do simbolismo a aproximação entre música e poesia. Nesse poema em particular Camilo Pessanha explora esse recurso através do uso de assonâncias e aliterações.


Simbolismo (1890-1915)
De origem francesa, o Simbolismo é o resgate do lado imaginativo, dando ênfase no inconsciente, combatendo a obsessão científica realista, retomando o subjetivismo e a espiritualidade. Nesse período, predominam o sonho, o mistério, com uma linguagem obscura, vaga e fantasiosa.
Em Portugal, o Simbolismo está ligado a revista Boêmia, Nova e Os Insubmissos, criados por estudantes de Coimbra. O livro de Poemas Oaristos de Eugênio de Castro, lançado em 1890, é considerada a primeira obra simbolista portuguesa. Além de Eugênio de Castro, vale destacar Antônio Nobre, Camilo Pessanha, Antônio Patrício, Manuel Laranjeira, Raul Brandão, Júlio Dantas, Augusto Gil e Alfonso Lopes Vieira.


 Camilo Pessanha, um dos principais poetas do Simbolismo português.



Referências→ Literaturas de Língua Portuguesa – Trovadorismo ao Modernismo
Estudante, Guia do. Literatura - Simbolismo (Portugal) - resumo, autores, dicas e questão comentada. Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/simbolismo-portugal-autores-dicas-questao-comentada-598869.shtml
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura /Marta Pontes. – São Paulo:DCL, 2010.

Literatura Brasileira - Parnasianismo

Literatura Brasileira - Parnasianismo

Parnasianismo
Profissão de Fé

Não quero o Zeus Capitolino
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.

Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.


Mais que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.


Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor.
Com que ele, em ouro, o auto-relevo
Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:

E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.

Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!

Deusa! A onda vil, que se avoluma
De um torvo mar,
Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma
Deixa-a rolar!

Blasfemo> em grita surda e horrendo
Ímpeto, o bando
Venha dos bárbaros crescendo,
Vociferando...

Deixa-o: que venha e uivando passe
- Bando feroz!
Não se te mude a cor da face
E o tom da voz!

Olha-os somente, armada e pronta,
Radiante e bela:
E, ao braço o escudo> a raiva afronta
Dessa procela!

Este que à frente vem, e o todo
Possui minaz
De um vândalo ou de um visigodo,
Cruel e audaz;

Este, que, de entre os mais, o vulto
Ferrenho alteia,
E, em jato, expele o amargo insulto
Que te enlameia:

É em vão que as forças cansa, e â luta
Se atira; é em vão
Que brande no ar a maça bruta
A bruta mão.

Não morrerás, Deusa sublime!
Do trono egrégio
Assistirás intacta ao crime
Do sacrilégio.

E, se morreres por ventura,
Possa eu morrer
Contigo, e a mesma noite escura
Nos envolver!

Ah! ver por terra, profanada,
A ara partida
E a Arte imortal aos pés calcada,
Prostituída!...

Ver derribar do eterno sólio
O Belo, e o som
Ouvir da queda do Acropólio,
Do Partenon!...

Sem sacerdote, a Crença morta
Sentir, e o susto
Ver, e o extermínio, entrando a porta
Do templo augusto!...

Ver esta língua, que cultivo,
Sem ouropéis,
Mirrada ao hálito nocivo
Dos infiéis!...

Não! Morra tudo que me é caro,
Fique eu sozinho!
Que não encontre um só amparo
Em meu caminho!

Que a minha dor nem a um amigo
Inspire dó...
Mas, ah! que eu fique só contigo,
Contigo só!

Vive! que eu viverei servindo
Teu culto, e, obscuro,
Tuas custódias esculpindo
No ouro mais puro.

Celebrarei o teu oficio
No altar: porém,
Se inda é pequeno o sacrifício,
Morra eu também!

Caia eu também, sem esperança,
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
Em prol do Estilo!
(Olavo Bilac)

A Arte pela Arte
• Monte Parnaso – Apolo e as Musas.
• Estética neoclássica.
• Perfeição formal.
• Equilíbrio.
• Beleza.
• Poesia Objetiva.
• Elevado nível vocabular.
• Racionalista.
• Temas Universais.
A Batalha do Parnaso
• Românticos versus parnasianos.
• Ampla divulgação do Realismo e do Parnasianismo.
• Fanfarras (1882), de Teófilo Dias – primeira publicação parnasiana no Brasil.
A Tríade Parnasiana
Olavo Bilac.
• Alberto de Oliveira.
• Raimundo Correia.
Outros autores:
• Vicente de Carvalho.
• Francisca Júlia.
Olavo Bilac
O Príncipe dos Poetas
Olavo Bilac (1865-1918)
Bilac (Olavo Brás dos Guimarães) ▬ Nasceu no Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865 e faleceu a 28 de dezembro de 1918. Com a idade de 15 anos e por decreto especial, matriculou-se na faculdade de medicina do Rio de Janeiro, onde permaneceu durante cinco anos. Daí, para surpresa geral, seguiu para a Faculdade de Direito de São Paulo, onde permaneceu dois anos. Publicou nessa época, seu primeiro livro: “Poesias”. Voltando novamente ao Rio, publicou “O Caçador de Esmeraldas”. Daí por diante alcançou a fama, até ser cognominado o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”. Escreveu, entre outras obras: “Contos Pátrios” e “Poesias Infantis”.
• Rio de Janeiro (1865-1918)
• Autor da letra do Hino à Bandeira.
• Ouvires da linguagem.
• Rebuscamento.
• “Profissão de Fé”.
• Temas também ligados ao Romantismo.

Raimundo Correia
(1859-1911)
• Pesquisa da Linguagem.
• Três fases distintas de sua poesia:
1)Fase romântica.
2)Fase parnasiana.
3)Fase pré-simbolista.

Alberto de Oliveira
(1857-1937)
• Preciosismo vocabular.
• Características românticas.
• Maior contenção sentimental.
• Um dos mais típicos poetas parnasianos.
Outras Características
• Comparação da poesia com as artes clássicas, principalmente com a escultura.
• Referências a elementos da mitologia grega e latina.
• Preferência por temas descritivos (cenas históricas, paisagens).
• Enfoque sensual da mulher (dava-se ênfase à descrição de suas características físicas).
• Habilidade na criação dos versos.
Parte 2 (Desenvolvimento)
Outros aspectos do Parnasianismo
• Rimas ricas: são evitadas palavras da mesma classe gramatical.
• Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também são usadas as rimas interpoladas.
Soneto: Marca do Classicismo
Valorização dos sonetos: composição dividida em duas estrofes de quatro versos e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a “chave” do texto no último verso.
Metrificação Rigorosa
• O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente decassílabos ou alexandrinos, os mais utilizados no período. Ou então apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo verso de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas etc.
Temática Greco-Romana
• A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas, ainda assim, o texto precisa de um conteúdo.
• A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da antiguidade clássica, características de sua história e sua mitologia: deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados na história e até mesmo objetos.
Cavalgamento ou Encadeamento Sintático (Enjambement)
• Ocorre quando o verso termina quanto a métrica (pois já se chegou à décima sílaba), mas não termina quanto à idéia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso seguinte (de baixo).
Cheguei, chegastes. Vinhas fadigada
e triste. E triste e fadigado eu vinha.
(Olavo Bilac)

• O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a escola oficial das letras no país durante muito tempo.
• O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do Parnasianismo francês, não é uma exata reprodução deste, pois não obedece a mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo.
• Olavo Bilac foi Jornalista e poeta, membro fundador da Academia Brasileira de Letras.
• Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.

“Vaso Chinês”
Estranho mimo aquele vaso! vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e um começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
(Alberto de Oliveira)

Características Parnasianas do Poema
-Soneto, composto por dois quartetos (estrofes com quatro versos) e dois tercetos (estrofes com três versos) – retorno aos moldes clássicos.
-Outro aspecto, que também demonstra essa preocupação com o culto à forma, diz respeito à posição das rimas, uma vez dispostas de forma cruzada ABAB.  
-Linguagem representada no poema como uma espécie de trabalho de ourivesaria, adornada, trabalhada, rica, voltada para um intenso preciosismo linguístico.
- O fato de a poesia não representar nenhuma representatividade para o poeta, ele mesmo, dotado de uma passividade nítida, parece se mostrar alheio, neutro a realidade a qual pinta, mesmo porque faz uso de um objeto (ora representado pelo vaso) para representar uma visão acerca do universo propriamente dito.
Realismo/Naturalismo/Parnasianismo
O Realismo e o Naturalismo, surgidos como reação ao sentimentalismo romântico, iniciaram-se em 1881, respectivamente, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e o mulato, de Aluísio Azevedo; manifestações poéticas do Parnasianismo já se faziam sentir desde 1870. Terminaram em 1893, com a publicação de Missal e Broquéis de Cruz e Sousa, que iniciaram o movimento simbolista. A data de término desses movimentos, no entanto, é puramente didática, uma vez que, até a segundo década do século XX e até posteriormente, é possível encontrar produções orientadas por todas essas estéticas.

O Parnasianismo
O Realismo, na poesia, chamou-se Parnasianismo. Os poetas parnasianos adotam a teoria da “arte pela arte” e deixam transparecer, em suas obras, uma espécie de impassividade, de indiferença moral.
Nossos principais parnasianos foram Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira. De menor destaque, mas expressivo, foi Vicente de Carvalho, “O Poeta do Mar”.
Principais Autores e Obras dessa Época
• Alberto de Oliveira
Canções Românticas, Meridionais, Sonetos e Poemas, Versos e Rimas, Livro de Ema, Ramo de Árvore.
Raimundo Correia
Primeiros Sonhos, Sinfonias, Versos e Versões, Aleluias.
Olavo Bilac
Panóplias, Via-Láctea, Sarça de Fogo, Alma Inquieta, As Virgens, O Caçador de Esmeraldas, Tarde, Tratado de Versificação.
Vicente de Carvalho
Ardentias, Relicário, Rosa, Rosa de amor, Poemas e Canções.

Parnasianismo (1882-1893)
O Parnasianismo era um movimento que tentava combater os excessos de sentimentalismo do Romantismo. Os autores dessa época valorizavam a arte como ofício, buscando também uma universalidade. O nome da escola é inspirado no Monte Parnaso, na Grécia Antiga, consagrado a Apolo, deus da poesia, das artes, da medicina e dos rebanhos.
As principais características do Parnasianismo são: aproximação entre literatura e artes plásticas, gosto por métricas (na maioria das vezes decassílabos), perfeição formal (rimas raras e chaves de ouro), de cunho descritivo, usos de temas clássicos, objetividade, impessoalidade e gosto por temas universais (como a beleza, a vaidade, a poesia). O lema central parnasiano era “arte pela arte”.
No Brasil o Parnasianismo aconteceu paralelamente à prosa realista/naturalista. A primeira publicação foi Fanfarras, de Teófilo Dias, de 1882.
Destacam-se no Brasil a tríade parnasiana: Olavo Bilac (considerado “o príncipe dos poetas”), Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.

Monte Parnaso (mitologia): local mítico, morada do deus grego Apolo e das musas das artes. Fonte de espiração para a poesia e as artes em geral.
Parnaso (Renascença): morada simbólica dos poetas, agremiação de poetas.

Parnasianismo: As Antologias
• 1882: Fanfarras, de Teófilo Dias.
• 1883: Raimundo Correia publica Sinfonias.
• 1884: Alberto de Oliveira publica Meridionais.
• 1888: Olavo Bilac publica Poesias; Vicente de Carvalho publica Relicário.

Parnasianismo: Características
• Parnasianismo: movimento literário "oficial" da República.
• Estilo de vida do escritor brasileiro: burocracia/imprensa-boêmia.
• Objetividade no tratamento dos temas.

Parnasianismo: Características Gerais
• Culto à forma poética clássica (o soneto, recuperado, será a forma comum).
• Precisão no uso da língua e de imagens.
• Lirismo sem exageros românticos.
• Temáticas sobre a natureza (reificação).

Parnasianismo: Temáticas Nacionais
• Natureza sensacional.
• Linguagem Melodiosa e inusitada.
• Povo, retratado entre o selvagem e o civilizado.
• Matérias: eróticas, bélicas, infantis, mitológicas etc. 





Referências→ Apostila Faculdade Anhanguera de data: 18/06/2014.
Apostila Faculdade Anhanguera de data: 24/01/2014.
Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio. Ensino Global
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Radação e Literatura / Marta Pontes. – São Paulo: DCL, 2010.
Biblio.com.br. A Biblioteca Nacional de Literatura. Disponível em: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/OlavoBilac/profissaodefe.htm. Acesso em: 02 Ago de 2015.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Literatura Brasileira - Realismo e Naturalismo

Literatura Brasileira – Realismo e Naturalismo

Realismo/Naturalismo/Parnasianismo
O Realismo e o Naturalismo, surgidos como reação ao sentimentalismo romântico, iniciaram-se em 1881, respectivamente, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e o mulato, de Aluísio Azevedo; manifestações poéticas do Parnasianismo já se faziam sentir desde 1870. Terminaram em 1893, com a publicação de Missal e Broquéis de Cruz e Sousa, que iniciaram o movimento simbolista. A data de término desses movimentos, no entanto, é puramente didática, uma vez que, até a segundo década do século XX e até posteriormente, é possível encontrar produções orientadas por todas essas estéticas.
Manifestações Artísticas
A pintura, arte essencialmente objetiva, consiste na observação das coisas reais existentes. A beleza não está no característico, mas na verdade, afirma o pintor francês Courbet. Antiburguês convicto, deu espaço em seus quadros aos trabalhadores, aos camponeses, retratando cenas da vida popular e cotidiana.
A arquitetura e a escultura insurgem-se contra o academicismo.
Literatura  
O Realismo iniciou-se na França, em 1857, com a publicação do romance Madame Bovary, em que seu autor, Gustave Flaubert, conta a história do adultério e suicídio de uma jovem burguesa romântica. Dez anos depois, Émile Zola inaugurou o romance naturalista com a publicação de seu romance experimental Térèse Raquin, em que lança mão da observação científica da sociedade e das reações humanas.
Os escritores realistas/naturalistas, opondo-se aos românticos e impulsionados pela filosofia e ciência da época, pretendiam reproduzir integralmente o real. Antimonárquicos, antiburgueses e anticlericais, em sua maioria republicanos e até socialistas, ao sentimentalismo opunham o materialismo e o racionalismo; ao subjetivismo, o objetivismo; à fantasia e à imaginação, a observação do real; ao retorno ao passado; o comprometimento com o momento presente; ao nacionalismo, o universalismo.
O romance realista, cujo maior representante é Machado de Assis, preocupou-se com a análise psicológica das personagens, em função da qual critica a sociedade. Trata-se de um romance documental, que pretende ser o retrato da época. O romance naturalista valorizou o coletivo, a análise social, entendo o homem como animal sujeito ao instinto, por isso a predileção temática pelas taras e desvios sexuais.
Produção Literária com poetas realistas
Machado de Assis (1839-1908)
Assis (Joaquim Maria Machado de) ▬ Nasceu no Rio de Janeiro, a 21 de Junho 1839. Teve uma infância pobre, perdendo a mãe aos dez anos. Sem meios para estudos regulares, tornou-se autodidata. Estimulado por Paula de Brito, escreveu seu primeiro trabalho literário, “Ela”. Foi revisor de provas, jornalista, tradutor, poeta, uma das mais puras e firmes expressões da língua portuguesa no Brasil. Seu primeiro livro publicado foi “Queda que as Mulheres têm pelos Tolos”. Daí por diante, a literatura brasileira seria por ele enriquecida das mais belas obras literárias, entre romances, estudos, poesias, contos, crítica, teatro, crônicas, etc. Dentre suas obras, destacam-se: “Dom Casmurro”, “Quincas Borba”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Esaú e Jacó”, etc. Faleceu o grande escritor brasileiro, em 29 de Janeiro de 1908, na cidade do Rio de Janeiro.
Rui Barbosa (1849-1923)
Barbosa (Rui) ▬ Nasceu na cidade de Salvador na Bahia, a 5 de novembro 1849. Conta-se que aos dez anos de idade já conhecia os clássicos, principalmente Camões, Vieira e Castilho. Frequentou a Faculdade de Direito de São Paulo, onde teve por contemporâneos Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves e o poeta Castro Alves. Ao lado de Castro Alves, Rui batalhou intrepidamente para a libertação dos escravos. Na revolta da Armada, em 1893, Rui foi considerado responsável, ou um dos responsáveis pelo movimento, tendo sido exilado do País. Esteve na Argentina, em Lisboa, Paris e Londres. Depois, regressou à pátria, que o recebeu de braços abertos, sendo nomeado Ministro das Relações Exteriores. Lutou pela anistia dos revoltosos de 1894 a 1897 e participou do Código redigido por Clóvis Bevilacqua. Em 1907, instalou-se em Haia a Segunda Conferência da Paz. E a voz do Brasil se fez ouvir nessa Conferência, na palavra vibrante de Rui. De volta ao Brasil, esperava-o calorosa recepção.  Em 1910 disputa com Hermes da Fonseca a presidência da República e é derrotado. Em 1916 foi escolhido pelo governo brasileiro para representar o Brasil nos festejos da independência Argentina. Em 1920, foi convidado para paraninfo dos bacharéis da Faculdade de Direito de São Paulo. Não podendo comparecer, escreveu a célebre “Oração aos Moços”, dedicado aos jovens advogados. Rui Barbosa foi brilhante como cidadão, filósofo e jurista. Foi a maior inteligência que o Brasil já teve. Obras: Cartas de Inglaterra, Finanças e Políticas, O Papa e o Concílio, Alexandre Herculano, Oração do Apóstolo, Réplica, etc. Faleceu a 1º de Março de 1923.
Raul Pompeia (1863-1895)
Ingressou na Faculdade de Direito do Recife. Com a idade de Vinte e Cinco anos começou a publicar no jornal “A Gazeta de Notícias” do Rio de Janeiro” o seu famoso romance “O Ateneu”. Em 1891, foi nomeado professor de Mitologia da Escola de Belas Artes. Em 1894 foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional. É patrono da Academia Brasileira de Letras, cadeira nº 33, suicidou-se em 25 de dezembro de 1895.
Produção Literária com poetas realistas/naturalistas
Aluísio Azevedo (1857-1913)
Azevedo (Aluísio de) ▬ Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís do Maranhão no ano de 1857 e faleceu em Buenos Aires, em 1913. Um dos grandes escritores brasileiros, é considerado o iniciador do Naturalismo no Brasil. Seu primeiro livro, “Uma Lágrima de Mulher” foi publicado em 1880. No ano seguinte, lançou “O Mulato”. Em 1884, publicou “Casa de Pensão”, em 1887, “O Homem, em 1889, “O Coruja” e em 1890, “O Cortiço”, considerada sua melhor obra literária. Em 1895, ingressou na carreira consular, servindo em Vigo, Nápolis, Tóquio e Buenos Aires, onde veio a falecer. Aluísio de Azevedo foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.  
Júlio Ribeiro (1845-1890)
Ribeiro (Júlio) ▬ Nasceu na cidade de Sabará no estado de Minas Gerais, no ano de 1845. Foi professor, homem de letras e político. Além de gramática, que renovou os estudos linguísticos entre nós, escreveu dois romances:  “Padre Belchior de Pontes e “A Carne”. O primeiro focaliza a expedição de São Paulo contra os forasteiros portugueses na região das Minas, sob o comando de  Amador Bueno. O segundo, “A Carne” foi um romance, segundo alguns, naturalista segundo outros, inconsequente. De qualquer forma, é um marco da literatura brasileira, romance até hoje lido e discutido. Júlio Ribeiro faleceu em Santos, no dia 1º de novembro de 1890.

O Realismo no Brasil (1881-1893)

Contexto Histórico-Social
O desenvolvimento do movimento realista está  ligado às profundas mudanças ocorridas na Europa durante a segunda metade do século XIX. O capitalismo entra num novo estágio: de um lado, grande progresso industrial e formação de grandes empresas; de outro, uma volumosa classe operária fazendo reivindicações sociais. Essas reivindicações levaram novas tensões sociais e, consequentemente, novas posições ideológicas. Nesse momento, a Europa é agitada por um novo momento no campo da Filosofia e das ciências, o que permite um conhecimento mais amplo do ser humano.
No Brasil, as ultimas décadas do século XIX refletem a crise da monarquia e a urbanização cada vez mais acentuada.
Assinala-se 1881, como o marco inicial do Realismo e Naturalismo no Brasil. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Mulato, de Aluísio Azevedo.   

O Realismo 
O Realismo surgiu como reação ao subjetivismo, ao individualismo e ao eu  românticos. Em seu lugar surge o objetivismo.
Os realistas procuram retratar o homem e a sociedade a partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos comportamentos, buscando as causas dos fatos e fenômenos que as abordam.

O Naturalismo
Os ideais do Realismo levados as últimas consequências originam o que se chamou de Naturalismo, movimento que considera o ser humano como produto biológico, profundamente marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela hereditariedade. Todos esses fatores determinam a sua condição, o seu comportamento. O Mulato, de Aluíso Azevedo, publicado em 1881, foi o primeiro grande romance naturalista brasileiro.

Principais Autores E Obras Dessa Época
• Machado de Assis
Romances: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá e Garcia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Esaú e Jacó, Memorial de Aires.
Contos: Contos Fluminenses, Histórias da meia-noite, Papéis Avulsos, Histórias sem data, Várias Histórias, Páginas Recolhidas, Relíquias da Casa Velha.
Crônica: A semana.
Poesias: Crisálidas, Falenas, Americanas, Ocidentais.
Teatro: Os Deuses de Casaca, O Protocolo, Queda que As Mulheres têm pelos Tolos, Quase ministro, Caminho da Porta.
Crítica: Machado de Assis Escreveu a Crítica Literária e Crítica Teatral.

• Raul Pompeia
O Ateneu, A mão de Luís Gama, As Jóias da Coroa, Uma Tragédia no Amazonas.
Canções sem Metro (poemas e prosa).

• Aluísio Azevedo   
O Mulato, Casa de Pensão, O Cortiço, O Homem, O Coruja.

 Artur Azevedo
Teatro: Amor por Anexins, A Capital Federal, A Joia.

 Inglês de Sousa
Cenas da Vida Amazônica, O Calculista, O Coronel Sangrado, O Missionário.

 Adolfo Caminha
O Bom Crioulo, A Normalista.

• Manuel de Oliveira Paiva
Dona Guidinha do Poço.

Realismo/Naturalismo (1881-1893)
Na segunda metade do século XIX, surgem novas tendências científicas que ajudam a compensar e compreender melhor a realidade. O pensamento subjetivo, sonhador dos românticos foi sendo substituído pelo olhar minucioso, racional, impessoal e objetivo dos cientistas. Entre as correntes de pensamento da época, destacam-se o Positivismo (de Augusto Comte), O Socialismo (de Marx), Determinismo (de Taine), O Evolucionismo (de Darwin) e a Psicanálise (de Freud).
A literatura como não podia deixar de ser, também começa a rejeitar o olhar idealista do romântico em relação à sociedade e seus problemas. Autores românticos como Gustave Flaubert e Émile Zola começam a propor novos tipos de romances. Flaubert lança em 1857, Madame Bovary, primeiro romance realista, que chocou a sociedade francesa da época que levou o autor e o seu editor aos tribunais por ferir a moral e os bons costumes. Zola lança Térèse Raquin, em 1867, primeira obra naturalista, que propunha um método científico para escrever, utilizando-se até de coleta de dados e formulação de hipóteses.
O Realismo/Naturalismo surge no Brasil em um momento de discussão sobre a abolição da escravatura. Ideais liberais, influenciados pelo Positivismo e Determinismo começam a proliferar. Alguns escritores usavam o jornal para divulgar suas opiniões. 
Os textos realistas/naturalistas eram instrumentos de denúncias das desigualdades sociais e crises. Os autores procuravam retratar o seu universo literário com clareza, objetividade e impessoalidade. O narrador descreve os fatos e observa os personagens como um cientista.
A primeira obra realista é Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis. No mesmo ano é publicada a primeira obra naturalista: O Mulato, de Aluísio Azevedo.
Observação: É importante ressaltar que Realismo e Naturalismo, embora tenham surgido na mesma época, eles têm suas semelhanças e diferenças. Para começar todo escritor naturalista é realista, mas nem todo escritor realista é naturalista. Como semelhança, há o fato que ambos os movimentos se utilizam da realidade e da crítica social, da linguagem objetiva e narrador impessoal como artifícios de criação. Porém os realistas buscavam fazer o "romance de revolução", ou seja, obras que, por meio da crítica e da análise psicológica e um número reduzido de personagens, queriam transformar e educar a sua sociedade. O autor tinha um compromisso moral e intelectual com os seus leitores. Enquanto isso, os naturalistas buscavam demonstrar as suas teorias científicas em seus personagens. Eram os "romances de tese". Neles, o narrador tinha uma ótica cientificista, reduzindo o homem a mero animal, que lutava pela própria razão, deixando ser dominado pelos instintos. Além de demonstrarem aspectos desagradáveis de seus personagens, os escritores naturalistas buscavam retratar ambientes coletivos, carregados de tipos sociais rebaixados, cheios de defeitos morais, baseado-se no determinismo, que afirmava que o meio influenciava o comportamento do homem.
No Realismo destacam-se Machado de Assis e Raul Pompéia, enquanto que no Naturalismo destaca-se Aluísio Azevedo.


 Machado de Assis, o precursor e principal poeta do Realismo brasileiro.


Referências→ Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio. Ensino Global
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura / Marta Pontes. - São aulo: DCL, 2010.


  





terça-feira, 28 de julho de 2015

Literatura Portuguesa - Realismo

Literatura Portuguesa - Realismo

Realismo
O Realismo quis criar uma arte que representasse objetivamente a realidade, que se ocupasse do homem e de seus problemas.
O Realismo surgiu como reação ao sentimentalismo exacerbado dos ultra-românticos e propunha a observação e análise rigorosa da realidade afim de retratá-la fiel e objetivamente. Iniciou-se em 1865 com a "Questão Coimbrã", em que se confrontaram as velhas ideias dos românticos com as da nova geração realista, e terminou em 1890 com a publicação de Oaristos de Eugênio de Castro. Esse período produziu poesia, prosa de ficção, jornalismo doutrinário, historiografia, crítica e historiografia literária.

Manifestações Artísticas
O primeiro quadro realista foi o Enterro em Ornans, do pintor francês Courbet. Socialista convicto, filho de camponeses, ele era antiburguês e queria pintar o mundo visível tal qual era sem o sentimento romântico, por isso deu espaço em seus quadros aos homens no trabalho.
Procurando renovar o material e as técnicas, tonto a arquitetura quanto a escultura insurgem-se contra o academicismo.

Literatura
As origens do realismo remontam à França, quando em 1857 Flaubert publicou o romance Madame Bovary, que conta a história de uma romântica jovem burguesa que termina em suicídio. A filosofia e a ciência da época incitam os escritores realistas a reproduzir integralmente o real. Para tanto opuseram ao excessivo sentimentalismo romântico o materialismo e o racionalismo; ao subjetivismo; o objetivismo; à fantasia e a imaginação, a observação; ao retorno à Idade Média, o comprometimento com o momento presente; ao nacionalismo, o universalismo.

Os realistas, em sua maioria republicanos e até os socialistas, são antimonárquicos, antiburgueses e anticlericais, traços presentes em suas obras.
A "Questão Coimbrã", de 1865, que marcou o início do Realismo, representou a primeira reação pública contra o Romantismo. Ela originou-se de uma carta posfácio de Antônio Feliciano de Castilho ao livro Poema da Mocidade do também romântico Pinheiro Chagas. Nesse texto, Castilho elogiava o livro de Pinheiro e criticava a nova poesia dos moços de Coimbra, sobretudo Teófilo Braga (que publicara Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras) e Antero de Quental (que publicara Odes Modernas).
Antero respondeu com uma carta aberta intitulada Bom Censo e Bom Gosto em que acusava Castilho (seu velho professor de francês) de obscurantismo, ao mesmo tempo que defendia a liberdade de pensamento e a independência dos jovens escritores.
Iniciada a polêmica, formaram-se dois partidos que publicaram algumas dezenas de pequenas obras defendendo ou criticando cada um dos lados. A vitória foi do grupo dos jovens de Coimbra, que em 1871, organizou o ciclo de Conferências Democráticas no Cassino Lisbonense. Das dez conferências, só cinco foram realizadas, pois um decreto real fechou o Cassino e proibiu as conferências sob a alegação que atacavam a religião e o Estado. No entanto a semente do Realismo fora lançada.

Produção Literária 

Poesia   
Antero de Quental (1842-1891)   
Ele foi o líder intelectual da geração de 1870 e divulgador das ideias socialistas em Portugal. Embora filho de ricos proprietários, depois da "Questão Coimbrã" trabalhou como operário em Paris. Em 1873, com a morte do pai, assumiu o comando das propriedades, vivendo em constante conflito. Suicidou-se em 1891. 
Ao lado de Camões e Bocage, Antero de Quental forma a trinca dos mais perfeitos sonetistas portugueses.
Gomes Leal (1848-1921) 
Sua obra dividi-se em três fases. Na primeira, sua poesia oscila entre o Romantismo e o Realismo, Claridades do Sul é o seu livro mais importante.  Na segunda fase, em O Anticristo, aceita o credo positivista e socialista. Seu terceiro momento caracteriza-se por uma postura mais simbolista, expressa O Fim dum Mundo.
Guerra Junqueiro (1850-1923)
Principal poeta panfletário do Realismo, criticou severamente a mentalidade burguesa. Em sua primeira fase lembra a poesia social de Victor Hugo: em A Morte de D. João retrata a corrupção da sociedade da época, em A Velhice do Padre Eterno critica a luxuria do clero. Na segunda fase, substituiu o cientificismo pela poesia lírica a serviço da salvação do homem. É desse período Os Simples.
Cesário Verde (1855-1886)
Sua poesia (que se preocupa com o apuro formal), ao mesmo tempo que transita entre o Romantismo e o Realismo, é uma ponte para atitudes que estarão em moda no Simbolismo e no Modernismo. Ele retratou de forma exata a realidade cotidiana das ruas de Lisboa.
Gonçalves Crespo (1846-1883)
Ele também filia-se à linha da poesia do cotidiano e destaca-se, sobretudo, pelo culto da forma, uma das principais características do Parnasianismo, que não vingou em Portugal, ao contrário da França e do Brasil.
Prosa
Eça de Queirós (1845-1900)
Eça de Queirós o melhor prosador do Realismo português, não participou da “Questão Coimbrã”, mantendo-se somente como espectador. No entanto, em 1871, nas conferências democráticas, apresentou o trabalho O Realismo como Expressão da Arte. No mesmo ano fundou com Ramalho Ortigão o jornal As Farpas, em que criticava o Romantismo e satirizava a sociedade portuguesa.

Realismo
      Questão Coimbrã: origem do Realismo.
      Iniciou-se com uma censura publicada no jornal a um grupo de jovens escritores exibicionistas que tratavam de temas que nada tinham de poesia.
      Principais autores do Realismo
- Guerra Junqueiro,
- Antero de Quental e
- Eça de Queirós.

O Realismo em Portugal (1865-1890)
Contexto Histórico-Social 
Uma grande polêmica travada nos jornais, conhecida como a Questão Coimbrã, em 1865, marca o início do Realismo em Portugal.
A “Questão” desenvolve um acalorado debate e troca de acusações entre os seguidores da escola romântica e os da escola realista.
Principais Autores e Obras do Realismo em Portugal
Prosa
Eça de Queirós: O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, Os Maias, A Relíquia, A Cidade e as Serras, O Mandarim, A Ilustre Casa de Ramires, O Mistério da Estrada de Cintra, A Capital, O Conde de Abranhos, Últimas Páginas, Alves e Cia.
Fialho de Almeida: A Cidade do Vício, O País das Uvas, Contos.
Poesia
Antero de Quental: Odes Modernas, Verso dos Vinte Anos, Sonetos Completos, Raios de Extinta Luz.
Gomes Leal: Claridades do Sul, O anti-Cristo, O Fim do Mundo.
Cesário Verde: O Livro de Cesário Verde.
Guerra Junqueiro: A Musa em Férias, Os Simples, A Velhice do Padre Eterno.
Algumas Características Desses Escritores
Eça de Queirós: um dos maiores prosadores da língua portuguesa combate as falhas das instituições, satiriza os costumes com sutileza e graça, num estilo fluente e de vigor narrativo.
Antero de Quental: optou pela poesia filosófica, indagadora das causas dos fenômenos da consciência e da existência.
Cesário Verde: é chamado O “Poeta do Cotidiano”, das coisas que permanecem insignificantes, comuns.
Guerra Junqueiro: começa como romântico e evolui para o Realismo.
Gomes Leal: tem uma poesia heterogênea, sarcástica, indagada e, na última fase, voltada contra as injustiças e a corrupção social.
Observe a maneira de se expressar de Eça de Queirós no texto São Cristovão extraído do livro Últimas Páginas:

São Cristovão
Cada vez mais escarpado, entre rochas, se
empinava o caminho da serra. E Cristovão, todo
curvado, com os seus cabelos caídos sobre a
face e pingando, arquejava a cada passo. Subiria
ele jamais até à morada do menino? E uma grande
dor batia-lhe o coração, no terror de cair sem
força e a criancinha ficar ali, naquele ermo
rude, entre as feras, sob a tormenta. A cada instante
tinha de arrimar a mão a mão rocha, desfalecido,
de se prender a ramagem dum abeto. E a
claridade crescia; já no alto dos montes, ele via
palidamente alvejar a neve.
▬ Ó meu menino, onde é a casa de teu pai?
▬ Mais longe, Cristovão, mais longe...
E aquele bom gigante, agasalhando os pés
Do menino da dobra da pele de cabra, que o vento
desmanchava, seguia com longos gemidos no
caminho infindável, que mais se apertava entre
rochas eriçadas de silvas enormes. Por fim, mal
podia passar; as pontas das rochas rasgavam-lhe
os braços, os longos espinhos, atravessados, levavam-lhe
a pele rude da face. E seguia! Já das
feridas lhe pingava o sangue, e os olhos embaciados
mal distinguiam o caminho, que parecia
oscilar todo como abalado num tremor de terra.
Uma luz, no entanto, mais viva, cor-de-rosa, já
Subia por trás das linhas dos cerros.
Mas Cristovão parou, sem poder mais. Com
O menino agarrado nos braços, ficou encostado a
Uma pedra, arquejando.
▬ Onde é a casa de teu pai?
▬ Mais longe, Cristovão, mais longe...
▬ Ó meu menino, onde é a casa de teu pai?
▬ Mais longe, Cristovão, mais longe...
Então o bom gigante fez um prodigioso esforço,
e a cada passo, meio desfalecido, os olhos turvos,
a cada instante lançando a mão para se arrimar, tropeçando,
com grossas gotas de suor que se misturavam a grossas
gotas de sangue, rompeu a caminhar, sempre para cima, sempre
para cima. Os seus pés iam ao acaso, no desfalecimento
que o tomava. Uma grande frialdade invadia todos os seus
membros. Já se sentia tão fraco como a criança que lavava aos
ombros. E parou, sem poder, no topo do monte. Era o fim: um
grande sol nascia, banhava toda a terra em luz. Cristovão pousou
o menino no chão, e caiu ao lado, estendendo as mãos. Ia
morrer. Mas sentiu suas grossas mãos presas nas do menino,
▬ e a terra faltou-lhe debaixo dos pés. Então entreabriu os
Olhos, e no esplendor incomparável reconheceu Jesus, Nosso
Senhor, pequenino como quando nasceu no curral, que docemente,
Através da minha manhã clara, o ia levando para o céu.
Eça de Queirós, Últimas Páginas.

Realismo (1865-1890)
Durante a segunda metade do século XIX, o pensamento científico e filosófico provoca uma mudança radical no comportamento da sociedade. Esse período era chamado de "novo século das luzes". O devaneio romântico e a idealização eram logo substituídos pela verdade. O artista começava a ver o mundo com os olhos da razão e segundo as teorias cientificistas, como tentativa de explicar aquilo que a religião deixava sem respostas. A realidade seria explicada pelas leis naturais.
Em Portugal, o Realismo surgiu a partir da Questão Coimbrã, marco inicial do Realismo. A Questão Coimbrã era uma forma de lutar contra a estagnação do circuito literário, que ainda seguia os preceitos românticos. Os coimbrãos, como eram chamados esses estudantes opostos a literatura que não condizia mais com a realidade vigente, chegaram até sequestrar o reitor da universidade para chamar a atenção para as suas discussões. Para agravar mais o fato, em 1865, Feliciano de Castilho, escritor do Romantismo português, envia uma carta ao seu editor criticando os jovens escritores realistas Antero de Quental, Vieira de Castro e Teófilo Braga, alegando que em seus trabalhos literários faltavam "bom senso e bom gosto". Antero de Quental respondeu a Feliciano de Castilho em um livreto intitulado "Bom Censo e Bom Gosto", que "A futilidade num velho desgosta-me tanto como a gravidade numa criança. V. Exa. Precisa menos Cinquenta anos de idade, ou então mais cinquenta anos de reflexão". O comentário no opúsculo acabou gerando polêmicas e discussões.

Destacam-se nesse período os poetas Guerra Junqueiro, Antero de Quental, Cesário Verde e Gomes Leal. Já na prosa, são significativos os trabalhos de Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão e, sem dúvida, a narrativa minuciosa e crítica de Eça de Queirós.


 Eça de Queirós, um dos melhores poetas do Realismo português.




Referências→ Escola Viva, Programa de Pesquisa e Apoio Escolar, O Tesouro do Estudante, Multimídia Multicolor 2003, Nível Fundamental e Médio. Ensino Global
Literaturas de Língua Portuguesa - Trovadorismo ao Modernismo
Sistema de Ensino IBEP. Apostila Língua Portuguesa. Antônio de Siqueira e Silva• Rafael Bertolin
Pontes, Marta. Minimanual de Redação e Literatura / Marta Pontes. - São Paulo: DCL, 2010.